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Deputado que identificou valerioduto acusa irmã de Aécio de comandar censura em Minas
Por Lúcia Rodrigues, em Belo Horizonte*
A explicação para que o mensalão tucano e outros escândalos que envolvem políticos do partido não repercutam em Minas Gerais tem nome, segundo o deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB-MG), líder do bloco Minas Sem Censura, na Assembleia Legislativa do Estado. Trata-se de Andréa Neves, irmã mais velha do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
O parlamentar se refere a ela como a “Goebbels das Alterosas”, em uma clara alusão ao ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, que exercia forte controle sobre os meios de comunicação da Alemanha.
De acordo com Sávio, Andréa comanda o controle à mídia mineira com mão-de-ferro, para evitar que o irmão e políticos aliados sejam atingidos por notícias desfavoráveis.
Formada em jornalismo pela PUC Rio, Andréa integra desde 2003, quando Aécio assumiu o Executivo, o Grupo Técnico de Comunicação do Governo de Minas Gerais. O núcleo estratégico reúne representantes de empresas públicas e dos órgãos da administração direta, responsáveis pelas áreas de comunicação.
O deputado oposicionista relata que a maioria das empresas privadas sediadas em Minas está concentrada nas áreas de mineração, siderurgia e metalurgia, e que estas normalmente não são grandes anunciantes na imprensa local. Isso confere ao governo mineiro poder e controle sobre a mídia, por ter peso decisivo como anunciante preferencial.
Rompendo o esquema
Quando foi secretário de Administração do governo Itamar Franco, Sávio orientou o governador a romper todos os contratos com as empresas do publicitário Marcos Valério.
Itamar sucedeu Eduardo Azeredo, hoje réu no processo do mensalão tucano, que aguarda julgamento. O esquema teria sido montado para garantir a reeleição de Azeredo, em 1998, com o desvio de dinheiro de estatais minerais para as empresas de Marcos Valério.
O publicitário foi recentemente condenado no STF por envolvimento com o mensalão do Partido dos Trabalhadores, o esquema de caixa dois que o Supremo entendeu ser voltado para comprar votos no Congresso.
Quando assumiu o cargo no governo Itamar, Sávio diz ter percebido que as agências de publicidade de Valério serviam de fachada para o desvio do dinheiro público que abasteceu o mensalão tucano.
Sávio Souza Cruz ressalta que não foi difícil chegar à conclusão.
É que agências de publicidade recém formadas, às quais ele se refere como “portinholas”, tiveram crescimento extraordinário em pouco tempo.
Cita outros indícios, como declarações do então presidente da Copasa, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, de que teria sido orientado a abastecer as empresas.
O deputado do bloco Minas Sem Censura destaca que quando Aécio Neves assumiu o governo do Estado, sucedendo Itamar Franco, deu um giro de 360 graus.
Os contratos com agências de publicidade, que haviam sido cancelados pelo antecessor, foram retomados.
Hoje o líder do bloco Minas Sem Censura critica a manobra que excluiu vários beneficiários do mensalão tucano dos processos que correm no STF e na Justiça estadual de Minas.
O senador do PSDB Aécio Neves foi um dos que se beneficiaram da decisão do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o relatório da Polícia Federal, ele teria recebido R$ 110 mil no esquema de corrupção montado pelo partido.
Para o parlamentar, a pressão da sociedade é fundamental para que justiça seja feita no caso do mensalão tucano.
“Não tem nada mais injusto do que justiçar um lado”, afirma ao se referir à condenação dos réus no processo do mensalão petista.
Enquanto isso, o esquema original só deverá ser julgado no final de 2014 ou em 2015.
Ele espera que as redes sociais ajudem na cobrança por isonomia do STF.
Sávio exemplifica com o caso de Marcos Valério, operador dos dois esquemas de corrupção.
Por enquanto, foi condenado apenas na ação penal que envolveu representantes do Partido dos Trabalhadores.
“Fica essa situação para o Judiciário explicar”, frisa.
Segundo o deputado, o tratamento diferenciado do Supremo Tribunal Federal em relação aos dois mensalões se deve à influência exercida pelo PSDB sobre a mídia.
Casos parecidos são tratados com dois pesos, duas medidas, diz o peemedebista.
Sávio lamenta que outro esquema de corrupção promovido por tucanos de Minas Gerais não tenha resultado em punição, pelo menos até agora: o da Lista de Furnas.
O esquema, voltado para abastecer as campanhas do PSDB e do extinto PFL em 2002, teria tido início em 2000.
Dirigentes da estatal de energia elétrica Furnas são acusados de fazer pressão sobre fornecedores da empresa para arrancar doações que abasteceram o caixa de campanha.
A autenticidade da lista com a relação de doadores foi reconhecida em perícia da Polícia Federal.
Sávio não descarta a hipótese de que outro esquema de corrupção esteja em marcha em Minas Gerais.
Como não existe espaço para o contraditório na mídia do Estado fica muito difícil exercer a vigilância sobre quem governa, diz o líder do bloco Minas Sem Censura.
Acompanhe abaixo a íntegra da entrevista:
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