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Em entrevista à revista IstoÉ Dinheiro, ex-presidente tucano reclama do atual nível da inflação: "Nós estamos lenientes com a inflação. E isso acaba erodindo o poder de compra das famílias"; no entanto, Fernando Henrique Cardoso parece se esquecer de sua gestão; em 1999, ele cumpriu a meta apenas porque elevou o teto para 10%; em 2000, porque o País sofreu com apagão e recessão; em 2001 e 2002, ela ficou fora da meta e, de 2003 (já no governo Lula) em diante, ela só não foi cumprida no primeiro ano; na entrevista, FHC afirma ainda que "daqui um tempo", o governo terá que socorrer a Caixa
Parecendo se esquecer dos anos de seu governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avaliou que "estamos lenientes com a inflação", em entrevista à revista IstoÉ Dinheiro. "Nós estamos lenientes com a inflação. E isso acaba erodindo o poder de compra das famílias. Quando começa a erodir, elas se endividam. Para haver a expansão do consumo, houve um aumento enorme do crédito. Isso também tem limite", declarou FHC à publicação da Editora Três.
Uma tabela do Banco Central (veja abaixo) nos revela, no entanto, que o controle da inflação sob a meta do governo foi no mínimo turbulenta durante sua gestão. Em 1999, a meta da inflação foi cumprida apenas porque o tucano elevou seu teto para 10%. Em 2000, porque o País sofreu apagão e recessão. E nos dois anos seguintes, 2001 e 2002, a meta não foi cumprida, ultrapassando, inclusive, a barreira de dois dígitos. A partir de 2003 (já sob a gestão do ex-presidente Lula), ela só deixou de ser cumprida no primeiro ano do governo petista.
Questionado se acredita que o governo deveria ambicionar reduzir a atual meta da inflação (4,5%), o ex-presidente responde positivamente, e justifica: "porque o mundo mudou". O tucano complementa: "antigamente a taxa de inflação era uma variável não tão importante quanto é hoje. Mas atualmente, por causa da competitividade, a média de inflação no mundo é 2%. Nós estamos lenientes com a inflação".
Na entrevista, FHC também afirma que "daqui um tempo", o governo terá de socorrer bancos públicos como a Caixa Econômica. "O crédito privado refluiu e os bancos decidiram ficar com os melhores pagadores. O setor público não refluiu, mas vai ficar com pagadores discutíveis, que têm como garantia final o Tesouro. Se você olhar a Caixa Econômica, saberá que daqui um tempo o Tesouro vai ter de socorrê-la. O BNDES, presidido por Luciano Coutinho, já está sendo socorrido pelo Tesouro. Isso tem limite", diz.
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