2109 visitas - Fonte: Tijolaço
Umaestimativa feita pelo jornal Folha de São Paulo revela que Dilma deverá ter quase metade do tempo total de TV disponibilizado para os candidatos a presidente, 48,9%.
Aécio Neves ficaria em segundo lugar, com 16%.
Não sejamos ingênuos de menosprezar o tempo de TV. Ele é fundamental para que os candidatos estabeleçam um canal de comunicação direto com o eleitor, fugindo à mediação, quase sempre tendenciosa, dos veículos de mídia tradicionais.
As regras da democracia brasileira associam o tempo de TV ao tamanho das bancadas parlamantares das legendas que apoiam determinado candidato. A partir de 2010, o PT passa a ter mais tempo que seus adversários. Em 2002 e 2006, o PSDB despontava como campeão absoluto em tempo de TV.
O histórico prova que a propaganda não é o fator determinante para o eleitor se decidir. Ele avalia o melhor candidato a partir de uma visão pragmática, inspirada sobretudo na situação econômica à sua volta.
Mas não ele pensa apenas no passado. Ele também quer saber quem pode lhe oferecer a plataforma mais sólida e mais segura na qual ele possa ancorar seus sonhos de um país melhor.
A nossa mídia tem o costume de veicular todo o tipo de preconceito vulgar contra a propaganda eleitoral. Um preconceito de elite que reflete um preconceito contra a própria democracia.
Pesquisas revelaram que, ao contrário de clichês e estereótipos (como o da charge no início do post), tão caros ao udenismo das classes médias, a maioria da população gosta de assistir ao horário eleitoral, porque não tem acesso a revistas semanais nem se interessa pelos editoriais furibundos dos jornais impressos. O horário eleitoral é, portanto, um meio de informação essencial ao eleitor, sobretudo em cidades menores e no interior.
Por isso mesmo, o horário eleitoral se reveste de uma importância quase revolucionária, por ser um momento singular, em que a classe política se liberta dos grilhões da mídia e se comunica diretamente com o eleitor. É uma relação de liberdade que vale para o bem e para o mal: ajuda tanto o político sincero quanto o hipócrita.
Tudo indica que as eleições de 2014 serão mais politizadas que as anteriores, em função do maior número de pessoas engajadas em debates nas redes sociais. Os candidatos que melhor souberem usar a TV como instrumento de produção de pautas para os debates nas redes terão vantagem sobre seus adversários.
É bom para o Brasil, e sinal de nossa maturidade democrática, que o candidato preferido da mídia, Aécio Neves, disponha de menos da metade do tempo de TV que a candidata do PT. Independente do resultado das eleições, apenas esse fato, o declínio do tempo de TV disponibilizado às candidaturas da direita política, já significa uma vitória democrática do povo brasileiro.
Porque parte desse tempo de TV deverá ser usado como trincheira de resistência aos esforços da mídia velha de continuar pautando o debate político nacional. A população brasileira sentirá, por alguns meses, o gostinho de ter acesso a visões de mundo diferentes daquelas que as emissoras privadas lhes oferecem no dia a dia.
Nossa esperança, enquanto defensores de uma regulamentação democrática da mídia, é que esse gostinho de liberdade se transforme em vício, e que os brasileiros, devidamente viciados em liberdade, se empenhem com mais vigor para reinvindicar leis democráticas que lhe assegurem informações mais confiáveis e opiniões mais plurais.
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