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247 – Quem é Paulo Skaf, o político que se apresenta como empresário, mas pelos empresários é visto como um "sem fábrica" e pelos políticos é encarado como um "outsider"?
Ao que se vê, é um camaleão, adepto de um discurso de afagos à classe média que resvala para o populismo pragmático.
Na campanha para governador de São Paulo em 2010, Skaf era um socialista. Ao menos, na filiação partidária. Sem ter uma porta de entrada no meio político, ele não titubeou em abrigar-se no Partido Socialista Brasileiro. Pelo PSB, legenda identificada, especialmente na capital paulista, com a esquerda, concorreu ao Palácio dos Bandeirantes. Em razão da contradição explícita – afinal, ele era e é presidente da conservadora Federação das Indústrias do Estado de São Paulo -, o próprio Skaf sabia que teria poucas chances. E foi o que aconteceu. Com 4,5% dos votos, ficou em quarto lugar no pleito vencido por Geraldo Alckmin, do PSDB.
"Nosso desempenho foi ruim porque o cabeça da chapa simplesmente não tinha nada a ver com os ideais que nós defendemos", reclamou a ex-prefeita Luiza Erundina (PSB), eleita deputada federal com a maior votação daquela disputa. Ela ameaçou deixar a legenda, mas permaneceu quando o próprio Skaf, depois de divulgar sua imagem no horário eleitoral gratuito, deu-se por satisfeito e saiu do partido.
Com uma nova capa partidária, a do PMDB, Skaf vai tentar outra vez, em 2014, o Palácio dos Bandeirantes. Sua campanha já começou. Nos últimos dois meses, com horários comprados na televisão pela Fiesp, cujos cofres são alimentados pelas verbas públicas do Sistema S – Sesi, Sesc e Senai --, Skaf surgiu pontificando pela educação profissional gratuita e contra o reajuste progressivo do IPTU. Por R$ 16 milhões, atraiu para o seu campo o ex-marqueteiro do PT Duda Mendonça, exatamente para tentar se transmutar num candidato anti-PT.
Três anos atrás, no entanto, ele defendeu o pagamento de mensalidade em universidades públicas. Adepto do chamado Estado mínimo, mesmo com sua entidade sustentada por generosas porções de dinheiro extraído dos impostos da população, Skaf experimentou, em 2007, uma vitória contra a CPMF, o chamado imposto do cheque. Com recursos que eram destinados para o setor de saúde pública, a CPFM caiu e abriu um buraco na sustentação do Sistema Único de Saúde (SUS). "A contribuição é supérflua e inoportuna", definiu ele, apesar das justificativas técnicas em contrário.
Agora, o mesmo discurso simplista obteve sucesso contra o reajuste progressivo do IPTU. "São Paulo não tem gestão", disparou Skaf na direção do prefeito Fernando Haddad, após saborear a derrubada, pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, do reajuste do IPTU aprovado pela Câmara dos Vereadores.
Preparando-se para concorrer ao governo no próximo ano, ele pode, no entanto, ter exagerado na dose. As aparições dele, em nome da Fiesp, em horários nobres da tevê tendem a ser consideradas pela Justiça como campanha eleitoral antecipada. Isso poderia gerar sua impugnação ao pleito de 2014.
O presidente da Fiesp, é claro, nem considera essa possibilidade. Para melhorar o próprio visual, implantou 8 mil fios de cabelo. E com seu paletó e gravata procura deixar para trás o passado de ligação com o regime fardado que governou o Brasil entre 1964 e 1984. No auge da repressão política, na década de 1970, Skaf alistou-se no Centro de Preparação de Oficiais do Exército (CPOR), de onde saiu como tenente. Daqueles tempo, herdou o gosto por praticar Paint-Ball, o divertimento em que jogadores dão tiros de tinta uns nos outros.
Do exército, em lugar de seguir a carreira militar, optou por trabalhar na indústria têxtil, onde conheceu o empresário Benjamin Steinbruch, hoje seu vice-presidente da Fiesp. Considerado um protegido de Steibruch, Skaf elegeu-se presidente da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis mesmo sem ser um dos chamados capitães da indústria paulista, mas apenas um executivo sem grandes vitórias para exibir. Dali, após a desastrada gestão de Horário Lafer Piva, arrebatou a Fiesp e cumpre, agora, seu segundo mandato. É do alto da fortaleza conservadora com sede na avenida Paulista que Skaf faz sua pregação modernista. Até aqui, a tática vem dando certo. Na última pesquisa Datafolha, ele surpreendeu com 15% de intenções de voto.
Atirando para o lado que considera mais propício, com o discurso de corte de impostos, o empresário que tem ambições ilimitadas de carreira política já baixou suas cartas. Pelo corredor do conservadorismo, mas com um discurso neoliberal, negando ser político, mas já em seu segundo partido, Skaf vai jogar com sua capacidade de transmutação para tentar seduzir a classe média.
A seguir nessa marcha, cada vez será mais difícil para o público reconhecer quem é o verdadeiro Skaf.
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