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Defensor declarado da compra pelo Brasil dos caças Gripen, fabricados pela Saab, da Suécia, Luiz Marinho exulta decisão anunciada nesta quarta-feira 18 pelo ministro Celso Amorim; "A Saab tem experiência e convivência com o Brasil, faz parte da nossa indústria, conhece a cadeia produtiva e a qualidade da mão de obra", afirmou ao 247 o prefeito de São Bernardo; Grande ABC deve se tornar epicentro da renovação da indústria nacional de defesa; Projeto FX, de US$ 4,5 bilhões, se pautou por transferência de tecnologia; fabricação dos 36 jatos encomendados pelo País contará com peças e equipamentos feitos localmente; "É a grande oportunidade de renovação do nosso parque industrial", acredita Marinho
Marco Damiani _ 247 – O Brasil abriu as portas para a criação de uma nova indústria nacional de defesa. O epicentro desta cadeia produtiva tende a ser a região do Grande ABC, em São Paulo, a 45 quilômetros do porto de Santos. Ali, nas encostas da via Anchieta, a Saab, fabricante dos caças Gripen, monta os conhecidos caminhões Scania desde 1962. Foi no chão da fábrica da companhia, em maio de 1978, que se deu a primeira greve de metalúrgicos daquela quadra que, por fim, mudou a cara política do Brasil. Três mil trabalhadores cruzaram os portões da fábrica, mas não acionaram suas máquinas. A Saab é controlada pela Volkswagen, que por sua vez está em São Bernardo desde 1959 e dispensa maiores apresentações.
O roteiro de conexões da fabricante dos Gripen com a indústria brasileira é lembrada pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, em entrevista ao 247, para acentuar que ficou exultante com a escolha do jato sueco para equipar o Projeto FX, de renovação da Força Aérea Brasileira.
"É a grande oportunidade de criação de uma nova indústria nacional de defesa, moderna e avançada do ponto de vista tecnológico", comemora Marinho, que sempre atuou e se considerou o maior defensor da escolha da gigante sueca.
"A Saab tem vivência de Brasil, conhece a capacidade da nossa indústria, a qualidade da nossa mão de obra. A transferência de tecnologia será facilitada pois as parcerias e os diálogos com a cadeia produtiva existem há mais de 60 anos", frisa o prefeito da cidade que ainda é considerada o coração industrial do Brasil, apesar da dependência quase exclusiva do desempenho das montadoras de veículos.
"Nosso parque industrial vai ganhar diversidade, novas ramificações, pode ser remodelado e ampliado", calcula Marinho, talvez o maior especialista, em todo o Brasil, no relacionamento com a grande indústria européia.
Como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, ele tornou-se interlocutor permanente de todos os principais executivos da indústria pesada e de ponta. Na condição de Ministro do Trabalho do governo Lula, Marinho completou seu conhecimento no contato direto com dirigentes de diferentes governos. É um craque, um dos prefeitos melhor avaliados do País.
"Há muitas maneiras de se entender a importância dessa parceria firmada agora", acredita o ex-sindicalista. "É a continuidade de uma história de lutas e conquistas, para os trabalhadores e para a indústria nacional".
Logo após a implantação, no final jucelinista da década de 1950, no ABC, a indústria automobilística experimentou crescimento vertiginoso. As conturbações das greves operárias, entre 1978 e 1982, foram sucedidas por enxugamentos nos contingentes de empregados, mas em seguida veio a estabilização nos patamares atuais. Os metalúrgicos do ABC são hoje uma categoria de cerca de 80 mil trabalhadores.
Em razão das cláusulas de transferência de tecnologia e obrigatoriedade de componentes fabricados no país de origem do investimento, estimado em US$ 4,5 bilhões para a entrega de 36 caças paulatinamente até 2023, não há como não acreditar que as cadeias produtivas em torno da Saab e da Volks, especialmente, não sejam fortemente beneficiadas. Aos céticos, o exemplo atual da redenção da indústria naval brasileira deve ser apresentado como um fato superior a quaisquer argumentos de nariz torcido.
"O Brasil tem muito a ganhar", sustenta Marinho, que mantém em seu gabinete uma coleção de ao menos 15 miniaturas de caças militares. Ele próprio já voou em um modelo Gripen, posando para a fotografia, na pista sueca, como um verdadeiro Top Gun. Da experiência, o prefeito, que divide com seu compadre Lula o entusiasmo pela escolha da presidente Dilma Rousseff, extraiu que a cadeia produtiva em torno daquela joia tecnológica teria muito a se enriquecer. "Vai começar um novo momento para a indústria", crava ele.
Em seu segundo mandato, Marinho recebeu, na semana passada, a visita de Dilma na inauguração do Hospital de Clínicas. Lula também estava lá. Com a escolha dos Gripen e sua base, como Saab e Volks, em São Bernardo, não há dúvida de que o próprio Marinho se tornou um interlocutor ainda mais estratégico com o governo federal.
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