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Blog do ex-ministro faz post sobre editorial da revista Veja que renega tese da própria revista sobre uso de dinheiro público no chamado escândalo do mensalão; após condenção, publicação da família Civita admite que base da defesa dos réus continha verdade; "Agora, na hora de defender as doações privadas, a verdade sobre o caixa dois vem à tona na Veja", registra Dirceu; publicação mostra contrariedade com avanço do estabelecimento do financiamento público de campanhas políticas no Supremo Tribunal Federal
Uma brusca mudança de posição da revista Veja sobre uma das teses que foram mais caras à publicação da família Civita nos últimos meses foi observada por um personagem diretamente atingido pela chamada "pensata". Mesmo dentro do Complexo da Papuda, onde cumpre em regime fechado a prisão semiaberta que lhe foi imputada pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-deputado José Dirceu flagrou, no editorial da revista, nesta semana, o que considera ser "um ato falho".
Na intenção de defender a bandeira da manutenção do status quo no financiamento de campanhas políticas, pelo qual o dinheiro de empresas privadas jorra em benefício dos partidos políticos e seus principais chefes, Veja lembrou que o escândalo do chamado mensalão é "prova candente" de que o dinheiro não contabilizado advindo de fontes privadas mantidas em sigilo foi o combustível do esquema. Essa foi, exatamente, a tese de defesa dos réus. Durante o curso do julgamento, porém, Veja não admitiu nenhuma vez sequer que não havia dinheiro público nas operações.
A mudança de lado da revista se dá em razão de outra campanha, com um tanto de atraso, que Veja inicia. Quando o STF já marca em seu placar 4 votos a favor contra zero na votação da Ação Direta de Inconstitucionalidade apresentada pela OAB, pelo fim do financiamento privado de campanhas eleitorais, a revista sai a campo em defesa do dinheiro privado nas eleições. Só isso, segundo a publicação dos Civita, evitaria a multiplicação da corrupção nos poderes públicos. Veja não registra, porém, que é exatamente em razão do modelo atual, com o sistema de doações privadas aos borbotões, que chegou-se a este ponto de a corrupção atingir patamares mais que alarmantes.
Abaixo, o post de hoje feito pela equipe do blog Zé Dirceu :
Editorial da Veja admite caixa dois no "mensalão"
Após passar os últimos oito anos pregando que o chamado escândalo do mensalão foi um esquema de compra de parlamentares no Congresso com dinheiro público, a revista Veja admitiu finalmente que o esquema se referia, na verdade, ao caixa dois.
A admissão está no editorial da mais recente edição da revista, a seção chamada Carta ao Leitor.
Os réus sempre disseram que nunca houve compra de venda de votos na Câmara – e, sim, o caixa dois. A Veja sempre atacou essa versão.
Mas, em seu editorial defendo as doações de empresas para as campanhas eleitorais, a revista é explícita ao concordar com a defesa dos réus: "A reportagem de Veja mostra que a prioridade mais óbvia nesse campo em que a iniciativa privada se encontra com as eleições é a repressão intensa às doações ilegais, pois elas, sim, estão na origem dos grandes escândalos de corrupção. É o dinheiro do caixa dois que azeita as engrenagens mais perversas da corrupção. Está aí o escândalo do mensalão como prova candente desse fato".
Ou seja, a revista admite que o dinheiro envolvido no mensalão tem origem em caixa dois. Durante o julgamento, Veja endossou a tese que condenou os réus, acusados de desviar dinheiro público para financiar o mensalão. Mas, agora, na hora de defender as doações privadas, a verdade sobre o caixa dois vem à tona na Veja.
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