Afegão que matou militares em Washington pertenceu à espionagem afegã treinada pela CIA

Portal Plantão Brasil
28/11/2025 12:23

Afegão que matou militares em Washington pertenceu à espionagem afegã treinada pela CIA

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A história de Rahmanullah Lakanwal é um espelho trágico das duas décadas de guerra dos Estados Unidos no Afeganistão. Nascido em uma aldeia afegã, ele saiu de uma vida inteira em meio ao conflito para recomeçar em Washington, mas terminou abrindo fogo contra integrantes da Guarda Nacional dos EUA, em um ataque com motivação ainda misteriosa. Sua trajetória complexa, detalhada pelo New York Times, reflete o profundo trauma da intervenção americana.

Lakanwal tinha apenas cinco anos quando as tropas norte-americanas invadiram o Afeganistão em 2001. Já adulto, ele integrou uma controversa "Zero Unit", uma força paramilitar afegã, tecnicamente pertencente ao serviço de espionagem do Afeganistão, mas que na prática era treinada, equipada e comandada em estreita cooperação com a CIA. Essa ligação com as forças americanas foi o que lhe permitiu fugir do país com a esposa e os filhos em 2021, após o retorno do Talibã ao poder. Ele chegou aos Estados Unidos por meio da Operação Allies Welcome, um programa para afegãos que apoiaram os EUA.

O ex-aliado se estabeleceu em Bellingham, no estado de Washington, e tentava construir uma vida nova, trabalhando como motorista de entregas para a Amazon Flex e morando em um conjunto habitacional subsidiado. Três pessoas familiarizadas com o caso afirmam que ele recebeu asilo em abril deste ano. No entanto, Lakanwal abruptamente abandonou essa rotina e dirigiu-se a Washington, onde, perto da estação de metrô Farragut West, surpreendeu o sargento da Força Aérea Andrew Wolfe e a especialista Sarah Beckstrom, ambos da Guarda Nacional.

Usando um revólver .357, ele disparou repetidas vezes contra um dos militares e, em seguida, voltou a arma para o outro, até ser baleado. O presidente Trump confirmou a morte de Beckstrom, o que deve levar a novas acusações de homicídio em primeiro grau contra Lakanwal, que permanece internado sob vigilância. No momento, ele responde a três acusações de agressão com intenção de matar. As autoridades tentam entender o motivo que o levou a esse ataque inexplicável.

A história pregressa de Lakanwal nas Zero Units oferece um contexto sombrio. Esses grupos eram conhecidos por suas operações noturnas e ações clandestinas, mas também eram acusados por grupos de direitos humanos e pelo Talibã de serem esquadrões da morte responsáveis por execuções sem julgamento, desaparecimentos e ataques a hospitais. A Human Rights Watch registrou diversos episódios brutais atribuídos a essas unidades, embora a CIA negue as acusações, classificando-as como difamações. Um amigo de infância, Muhammad, relatou que Lakanwal sofria dificuldades psicológicas e se abalava com o alto número de mortos durante as missões em Kandahar.

A complexidade da sua adaptação nos EUA, a violência da qual ele foi agente e vítima, e o seu súbito retorno à violência armada em solo americano levantam questões profundas sobre o custo humano das guerras de longa duração e a dificuldade de reintegração de ex-combatentes paramilitares com histórico de traumas. A ação final em Washington, visando a Guarda Nacional, transformou um antigo aliado dos EUA em um atacante interno.

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Com informações do DCM

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