28/11/2025 11:19

Maior doador do partido Missão é o líder do MBL, sonegador alvo da operação contra a Refit

1934 visitas - Fonte: Plantão Brasil

A Justiça e a Receita Federal lançaram a Operação Poço de Lobato nesta quinta-feira (27), mirando um esquema bilionário de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. O alvo principal é Ricardo Magro, controlador do Grupo Refit (antiga Manguinhos), que deve uma fortuna de R$ 9,6 bilhões em impostos só no estado de São Paulo. A operação, que executou 190 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal, expôs a ligação de figuras políticas e midiáticas com o megaesquema.

A investigação da Polícia e do Ministério Público de São Paulo chegou a Cristiano Moreira Pinto Beraldo, influenciador e comentarista político da Jovem Pan. Beraldo, que se apresenta nas redes como um “brasileiro indignado” e usa sua plataforma para detonar o governo federal, o STF e atacar opositores, é acusado de atuar na blindagem patrimonial de Ricardo Magro. Investigadores apontam que Beraldo administrava empresas offshore nos Estados Unidos para movimentar recursos ligados ao dono da Refit. Essas empresas incluem a Cascais Bay LLC, cuja gerente é a esposa de Magro, Alessandra Engel Magro, e a Oceana KB Real Estate LLC, registrada em nome do próprio empresário. Beraldo, que declarou um patrimônio de R$ 1.852.750 em sua candidatura a deputado estadual em 2022 pelo União Brasil, agora está sob suspeita de colaborar com um dos maiores devedores fiscais do país.

O comentarista não era apenas um crítico de Brasília; ele era uma liderança ativa do MBL desde 2021, participando de congressos e podcasts com figuras proeminentes do movimento, como o deputado federal Kim Kataguiri. Segundo revelações do ex-deputado Arthur do Val, Beraldo era o maior doador do então partido Missão, chegando a ser suspeito de custear coletores profissionais de assinaturas para o grupo. A ironia fica ainda mais evidente ao se considerar o passado familiar de Beraldo e suas próprias declarações públicas: "Meu avô Bilac Pinto, que foi deputado federal, Presidente da Câmara dos Deputados e Ministro do Supremo Tribunal Federal. Aprendi com meu avô que o bom político não pode depender da política para viver", afirmou em entrevista, enquanto alegava buscar uma "estabilidade financeira" na iniciativa privada para, então, se dedicar a um "projeto transformador".

Queridos, não é bem assim não, tá?

O Beraldo foi o maior doador para a criação do partido Missão, inclusive financiando coletores de assinaturas profissionais, deixando a espontaneidade de lado dando brecha para narrativas, como a compra de assinaturas.

A soberba do MBL,… https://t.co/IzwxCcaQf4 pic.twitter.com/nftd3bRAzK

— Bia da Caserna ? (@bia_dacaserna) November 28, 2025

O envolvimento da Refit com o núcleo do MBL se estende a eventos públicos. Em maio deste ano, membros da cúpula do movimento compareceram em peso ao Brazil Insights, um fórum em Nova York patrocinado pela própria Refit. Figuras centrais do MBL participaram de painéis do evento, que irônica e criminosamente, tinha como principal apoiadora a empresa agora investigada pelo esquema bilionário.

Após a deflagração da Operação Poço de Lobato, o MBL agiu rapidamente, alegando que o compliance do grupo tomou ciência da inclusão de Beraldo na investigação. O movimento afirmou ter aceito o seu desligamento, alegando que mantém o "mais alto padrão de lisura da política brasileira". A Jovem Pan, onde Beraldo havia comentado a prisão de Jair Bolsonaro apenas dois dias antes da operação, não se manifestou sobre o afastamento do seu colaborador.


Assista aos vídeos abaixo:



A prisão de Beraldo por auxiliar um criminoso na sonegação de impostos e lavagem de dinheiro escancara a hipocrisia de um movimento e de uma figura que fizeram da luta contra a corrupção e do ataque às instituições federais sua principal bandeira, enquanto nos bastidores, atuavam diretamente para blindar o patrimônio de um dos maiores devedores fiscais do país. Resta saber se, além do afastamento do MBL e da Jovem Pan, haverá a devolução do dinheiro desviado dos cofres públicos.
Com informações do DCM

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