4098 visitas - Fonte: Plantão Brasil
A ponta de um iceberg de irregularidades na gestão de câmbio do Santander veio à tona no Senado, revelando um pagamento de R$ 19,4 milhões efetuado pelo banco ao Banco Central (BC) para encerrar um termo de compromisso. O caso remete ao período em que Roberto Campos Neto, nome de confiança do bolsonarismo e então executivo da tesouraria do banco, atuava na instituição. O valor, que comprova a necessidade de correção de falhas de controle, foi divulgado durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
As operações sob suspeita somaram impressionantes US$ 338 milhões e geraram dois termos de compromisso distintos. Um deles, assinado pelo próprio Santander em agosto de 2024 (R$ 19,4 milhões), e outro, de forma inédita, com o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, firmado em junho, no valor irrisório de R$ 300 mil. O diretor de fiscalização do BC, Ailton de Aquino Santos, confirmou que este foi o primeiro termo de compromisso assinado com um ex-presidente do Banco Central — fato que levanta sérios questionamentos sobre a conduta e os bastidores do regulador durante a gestão de Campos Neto.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, precisou ir a público para reforçar que o termo de compromisso não se trata de um acordo de leniência, tampouco interrompe investigações criminais. O presidente do Coaf, Ricardo Saadi, também garantiu que o acordo de Campos Neto "não atrapalha ou evita eventuais investigações criminais" mais profundas. A legislação, no entanto, é clara: o termo não representa confissão de ilicitude e não pode ser usado em casos de infrações graves, o que sugere que o BC optou por não classificar o episódio como tal.
Segundo o documento do regulador, foram identificadas duas falhas graves de controle: a falta de certificação da qualificação de clientes de câmbio em 51 contratos (que somaram US$ 255 milhões) e a ausência de verificação da legalidade em operações de US$ 83 milhões, algumas envolvendo clientes sem comprovação de condição de não residente ou após o encerramento do relacionamento comercial.
Aquino Santos, diretor do BC, tentou amenizar a situação, afirmando que o ponto central do acordo é obrigar o Santander a "melhorar os seus controles". Ele confirmou que Campos Neto estava em função de direção por um "pequeno período" durante a ocorrência de parte das falhas, sendo este o motivo de sua inclusão no processo administrativo. No entanto, o diretor garantiu, sem apresentar provas em contrário, que as deficiências não geraram benefícios indevidos às empresas.
O episódio é um alerta sobre a necessidade urgente de aprimorar a fiscalização e a governança nas instituições financeiras, especialmente aquelas que tiveram em seus quadros figuras-chave do desastroso governo anterior. O fato de um ex-presidente do BC ter de firmar um acordo por falhas ocorridas em sua atuação prévia sublinha a teia de relações e a frouxidão de controle que marcaram a era bolsonarista, exigindo transparência e rigor total nas investigações futuras.
Com informações g1
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