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A articulação para instalar uma CPI destinada a abrir a caixa-preta do Banco Master começou a avançar entre deputados após a prisão da cúpula da instituição pela Polícia Federal. A investigação mira um esquema de fraude no Sistema Financeiro Nacional que coloca no centro do tabuleiro o banqueiro Daniel Vorcaro, figura com conexões políticas extensas — e cujos fluxos de capital alcançam campanhas de Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas.
Vorcaro se movimentava com desenvoltura entre nomes influentes de Brasília. Mantinha relações próximas com Antonio Rueda (União Brasil), Ciro Nogueira (PP) e Davi Alcolumbre (União Brasil). Mas o elo mais sensível para o mundo político está nas doações eleitorais: o cunhado do banqueiro, Fabiano Campos Zettel, foi o responsável por transferir R$ 2 milhões à campanha de Tarcísio, única doação de pessoa física recebida pelo então candidato. Zettel também repassou R$ 3 milhões à campanha de Bolsonaro em 2022.
Pastor da igreja Bola de Neve, advogado e investidor, Zettel costuma exaltar seu “espírito empreendedor” em podcasts evangélicos. Tornou-se figura conhecida por sua expansão financeira e por transformações estéticas viabilizadas pelo dinheiro acumulado ao longo da carreira.

À frente da Moriah Asset, Zettel investe em empresas de bem-estar, fitness, alimentação e redes como Desinchá, Les Cinq Gym, Frutaria São Paulo, Empório Frutaria, Néctar, BeOOH e Foone. Ele também mantém posições relevantes no setor imobiliário, diretamente ou via fundos.
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Essas conexões emergem no momento em que o fundo Hans 95, associado a Vorcaro, se tornou alvo da Operação Carbono Oculto, da PF. Os investigadores suspeitam que uma rede de fundos fechados — com poucos cotistas e estruturas em cascata — tenha sido usada para lavar recursos ligados ao PCC, blindando beneficiários e mascarando a origem do dinheiro.
O circuito financeiro ainda inclui aportes milionários no próprio Banco Master, que enfrentava dificuldades de liquidez. Somente o Hans 95 aplicou R$ 124 milhões em CDBs do banco em 2024. Em 2025, outro fundo do grupo, o Astralo 95, registrou R$ 622 milhões em papéis do Master. Já o Murren 41, parte da mesma cadeia, movimentou mais R$ 103 milhões. Somadas, as operações canalizaram ao menos R$ 849 milhões para o Master no período investigado.
A teia se estende até a compra da mansão de Vorcaro em Brasília. O fundo Termopilas, na base da cadeia, aportou R$ 1,65 bilhão na Super Empreendimentos, empresa sem atividade visível que se tornou proprietária da casa de R$ 36,1 milhões ocupada pelo banqueiro.
Zettel foi diretor da Super entre 2021 e 2024. Ele nega ter gerido recursos ligados ao Hans 95 enquanto esteve na diretoria, mas dados oficiais mostram que o fundo já controlava a maior parte do capital da empresa em 2024. A Super mantém um site vazio, apenas com o logotipo, em domínio registrado pelo próprio Zettel.
“Eu só invisto naquilo que consumo. Preciso acreditar e viver o que estou apoiando”, afirmou ele certa vez em entrevista — frase que hoje ressurge conectada a um enredo que mistura grandes aportes, relações políticas e fundos sob suspeita de lavagem.
O avanço das investigações e a prisão da cúpula do Master impulsionaram no Congresso a ideia de uma CPI para destrinchar a estrutura financeira criada por Vorcaro e seus associados. Parlamentares defendem que o caso pode revelar um sistema de blindagem que combinaria operações opacas, influência política e circulação de grandes volumes de dinheiro.
Enquanto o inquérito avança, o cerco político e jurídico sobre o banco — e seus vínculos com campanhas eleitorais — tende a se intensificar.
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Com informações do DCM
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