21/4/2025 19:14

Imprensa chinesa destaca legado do Papa na reaproximação entre Vaticano e Pequim

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O jornal estatal Global Times, porta-voz oficioso do governo chinês, destacou nesta segunda-feira (21) o avanço histórico nas relações entre a China e o Vaticano durante o pontificado do Papa Francisco. O reconhecimento veio logo após a confirmação da morte do pontífice argentino, que faleceu aos 88 anos, na manhã desta Segunda-Feira de Páscoa.

Durante seu papado, Francisco foi responsável por uma guinada diplomática significativa: em 2018, Pequim e o Vaticano assinaram um acordo inédito sobre a nomeação de bispos. O entendimento foi renovado por duas vezes, em 2020 e 2022, consolidando uma relação que havia sido marcada por décadas de tensões. Pelo acordo, o Vaticano passou a ter poder de veto sobre bispos indicados pela China, ao passo que Roma reconheceu a legitimidade de sete bispos chineses anteriormente excomungados.

A mídia oficial chinesa ressaltou que o entendimento foi celebrado como “histórico” pelas duas partes e possibilitou o início de um processo de diálogo construtivo. Em outubro de 2018, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou que China e Vaticano avançavam com “consultas estreitas e respeitosas, promovendo a implementação eficaz do acordo e aprofundando as relações bilaterais”.

Em setembro de 2023, um gesto simbólico reforçou esse laço: ao sobrevoar o território chinês, o Papa Francisco enviou uma saudação formal ao povo do país, o que foi interpretado por Pequim como sinal de amizade e boa vontade por parte da Santa Sé. O episódio foi amplamente divulgado como demonstração do empenho do pontífice em abrir caminhos de paz e entendimento com diferentes civilizações.

O pontificado de Francisco também foi marcado por esforços multilaterais em busca de soluções pacíficas para conflitos, como a guerra na Ucrânia. Durante o conflito, emissários do Papa mantiveram diálogo frequente com autoridades chinesas, buscando construir uma ponte diplomática entre o Ocidente e o Oriente na luta pela paz.

A trajetória diplomática de Francisco sinalizou que o Vaticano, sob sua liderança, apostou em uma geopolítica voltada à superação de antagonismos históricos. A aproximação com a China – potência global com forte influência no Sul Global – representa uma mudança estratégica na relação da Igreja com os temas internacionais. O Papa atuou como defensor do diálogo entre civilizações, da cooperação multilateral e da justiça para os mais pobres e excluídos, rompendo com a tradição eurocêntrica do Vaticano.

Com informações do Global Times

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