Dom Odilo aponta chance histórica de novo Papa ser da Ásia ou da África

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O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, afirmou nesta segunda-feira (21) que o próximo Papa pode ser um asiático ou africano — algo inédito e altamente simbólico para uma Igreja que, sob o comando de Francisco, passou a refletir melhor a diversidade dos povos que compõem sua base global. “Ninguém deveria se surpreender se o próximo Papa for africano ou asiático”, disse o cardeal durante coletiva de imprensa na Catedral da Sé.

Segundo ele, essa possibilidade decorre do legado direto de Francisco, que ampliou a representatividade no Colégio de Cardeais e democratizou o perfil dos elegíveis ao papado. “Hoje, a maioria dos cardeais não é mais europeia. A América Latina e o Norte têm peso importante. A África e a Ásia também cresceram significativamente nesse colégio”, explicou dom Odilo, lembrando que será a segunda vez que ele participa de um Conclave — a primeira foi em 2013, que elegeu justamente Jorge Mario Bergoglio, o Papa dos pobres.

O cardeal afirmou ainda que “ninguém deve esperar um Francisco II”, indicando que cada Papa traz sua singularidade, mas reforçou que a nova liderança terá, inevitavelmente, de seguir compromissos fundamentais que o Evangelho inspira, como a paz, a justiça social, a solidariedade aos pobres e o combate às guerras. “Ninguém espera um Papa a favor da guerra, ou que despreze os pobres”
Ao comentar as especulações sobre o perfil do novo pontífice, dom Odilo criticou a visão reducionista que tenta enquadrar os líderes religiosos em rótulos como “conservador” ou “progressista”. Para ele, “o Evangelho é tanto progressista quanto conservador”, e a preocupação central dos cardeais será a missão da Igreja, não a reprodução de disputas ideológicas externas.

Na entrevista, o arcebispo relembrou com carinho o último encontro com o Papa Francisco, em fevereiro deste ano, pouco antes de sua internação. Ele contou ainda um episódio marcante após a visita do pontífice ao Brasil em 2013, quando entregou a Francisco um livro com caricaturas feitas por artistas brasileiros, arrancando dele uma gargalhada espontânea: “Ele olhou, olhou, e caiu numa gargalhada muito bonita.”

Dom Odilo deve participar do Conclave e do funeral do pontífice. Sua fala reforça que, após o legado humano, social e ecumênico deixado por Francisco, o caminho natural da Igreja será aprofundar sua presença nas periferias do mundo, com uma liderança espiritual cada vez mais plural, diversa e conectada com os desafios reais da humanidade.

Com informações da Agência Brasil

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