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A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira (2) Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública. Ele é suspeito de envolvimento no vazamento de diálogos do ministro Alexandre de Moraes com servidores do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF). O caso agora será analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta denúncia formal.
Tagliaferro foi chefe da assessoria de Moraes no TSE e prestou depoimento em agosto de 2024 no inquérito que investiga como as conversas vazaram. A divulgação foi feita por Glenn Greenwald na Folha de S.Paulo, tentando sugerir que Moraes usou a estrutura do TSE para obter informações sobre inquéritos no STF, muitos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O ministro nega irregularidades e afirmou que seguiu todos os protocolos legais.
Durante a investigação, a PF solicitou a apreensão do celular de Tagliaferro, após ele se recusar a entregá-lo voluntariamente. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apoiou a medida, argumentando que era necessária para identificar os responsáveis pelo vazamento e impedir novas infrações. Moraes determinou a apreensão do aparelho e retirou o sigilo do inquérito, apontando que os vazamentos tinham o objetivo de insinuar práticas ilícitas no STF e desestabilizar as instituições.
Em seu depoimento, Tagliaferro alegou que seu celular foi apreendido pela Polícia Civil de São Paulo em 2023, em uma investigação por violência doméstica contra sua esposa. Segundo ele, o aparelho foi entregue a um amigo, identificado como Celso, e posteriormente recolhido por policiais à paisana. Ao recuperar o celular, ele estaria com defeito e acabou descartado.
Nos áudios vazados, servidores do TSE, sob a presidência de Moraes, aparecem discutindo investigações contra fake news eleitorais. Em um dos diálogos, o juiz auxiliar Airton Vieira reclama da insistência em buscar novas provas. Greenwald usou os áudios para reforçar a narrativa bolsonarista de perseguição, classificando investigados como "perseguidos políticos" e ecoando a retórica da extrema-direita sobre uma suposta "ditadura do judiciário".
Ouça:
?????? Ouça a conversa entre Airton Vieira, juiz auxiliar de Moraes no Supremo, e o perito criminal Eduardo Tagliaferro, chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, então presidido pelo ministro. É perceptível o desconforto dos assessores em cumprir ordens fora… pic.twitter.com/bnm4AqAYVN
— Claudio Dantas (@claudio_dantas_) August 13, 2024