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A comunidade Guarani-Kaiowá, na Terra Indígena Guyraroká, em Mato Grosso do Sul, voltou a sofrer ataques por parte de fazendeiros, que utilizaram aviões para despejar agrotóxicos sobre a aldeia. O ataque ocorreu nesta semana e afetou casas, plantações e até escolas, em horário de aula, intoxicando crianças e adultos. A liderança indígena Erileide Guarani-Kaiowá relatou ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que os fazendeiros se referem aos indígenas como "capim-amargoso" – planta resistente ao veneno – e destacou que o ataque aconteceu nas últimas terça e quarta-feira (29 e 30).
A aldeia, cercada por plantações de soja e milho da Fazenda Remanso e por usinas de cana das empresas Raízen e Nova América, já havia denunciado essa prática de “guerra química” em encontros internacionais, como no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em 2022, em Genebra. Além dos ataques com agrotóxicos, os indígenas relatam ameaças e violência física constantes, em uma área de 50 hectares onde vivem cerca de 90 pessoas.
Em 2009, o Ministério da Justiça declarou a Terra Indígena Guyraroká como de uso tradicional, mas a decisão foi anulada em 2014 pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) com base na tese do Marco Temporal. Em 2021, os indígenas entraram com recurso, aceito pelo STF, mas ainda pendente de julgamento definitivo. Com o retorno do debate sobre o Marco Temporal no Congresso Nacional, os ataques têm se intensificado.
A legislação atual sobre pulverização aérea de agrotóxicos, que determina distâncias mínimas a serem respeitadas, não é cumprida, colocando em risco a saúde dos indígenas. Movimentos sociais, como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, buscam a proibição dessa prática, denunciando o impacto devastador sobre comunidades que, além do veneno no ar, acabam ingerindo resíduos nos alimentos e na água.
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