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Na Faixa de Gaza, além dos bombardeios israelenses, uma crise de saúde pública emergiu devido ao acúmulo crescente de lixo nas ruas e bairros. Os palestinos, já devastados pelo conflito, agora enfrentam uma batalha diária contra doenças propagadas pelas condições insalubres, conforme relata o jornal O Globo.
Desde o início dos ataques genocidas de Israel, há mais de oito meses, a situação do lixo na Faixa de Gaza tornou-se alarmante. Dados da ONU e de agências humanitárias especializadas em saneamento indicam que mais de 330 mil toneladas de resíduos sólidos se acumularam na região. Sam Rose, diretor de planejamento da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, descreve o cenário como uma "crise de gestão de resíduos", agravada pelas hostilidades em curso.
O conflito intensificou uma situação já precária. Antes das hostilidades, Gaza sofria com um bloqueio imposto por Israel e pelo Egito, que limitava severamente a entrada de recursos e equipamentos necessários para a gestão adequada dos resíduos. As restrições de segurança resultaram em uma escassez crônica de caminhões de lixo e de ferramentas essenciais para a coleta e o descarte seguro do lixo.
O impacto humano desta crise é visível nas histórias de famílias forçadas a viver em meio ao lixo. Ali Nasser, um dos muitos deslocados internos, teve que se mudar para o acampamento da Universidade de al-Aqsa, em Rafah. Ele conta como não encontrou outra opção senão instalar sua família — 18 pessoas ao todo, incluindo crianças e netos — em áreas transformadas em aterros improvisados. "Procuramos em todos os lugares por um lugar adequado, mas não conseguimos encontrar nenhum outro lugar onde pudéssemos ficar juntos", relata Nasser à BBC.
Com a infraestrutura de saneamento em colapso, a saúde pública está sob ameaça. Metade das estações de tratamento de água e esgoto de Gaza foram danificadas ou destruídas durante os ataques. A falta de recursos, pessoal e combustível impede que as autoridades locais lidem com a crescente quantidade de lixo.
Asmahan al-Masri, uma moradora deslocada de Beit Hanoun, agora vive em uma tenda em Khan Younis, cercada por pilhas de lixo. "Nunca vivi perto de lixo antes. O cheiro é muito perturbador. Mantenho a porta da minha tenda aberta para poder respirar um pouco de ar, mas não há ar puro, só o cheiro de lixo", lamenta. No acampamento onde Asmahan reside, as condições são deploráveis, com moscas e, às vezes, cobras invadindo o espaço.
A crise sanitária já levou a um surto de Hepatite A, uma doença viral que afeta o fígado e é transmitida pelo contato com fezes contaminadas. Em janeiro, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou sobre 24 casos confirmados e milhares de pessoas exibindo sintomas de icterícia, indicando uma possível infecção por hepatite A. Ele também destacou o potencial para a disseminação de outras doenças à medida que a situação se deteriora.
Com informações do Brasil 247
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