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Em uma reveladora entrevista ao jornal O Globo, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, ex-coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba, discutiu os desdobramentos políticos gerados pela força-tarefa e como ela foi instrumentalizada pelos bolsonaristas, além de criticar a transição de figuras centrais da operação, como o hoje senador Sergio Moro e o ex-deputado Deltan Dallagnol, para a política. Lima destacou que a entrada de Moro no governo Bolsonaro, especificamente, manchou a percepção pública da Lava-Jato ao vinculá-la com uma agenda política partidária.
O procurador expressou suas reservas sobre a honestidade das intenções de Bolsonaro, alertando Moro sobre os riscos de sua associação com um governo cujos valores culturais e políticos ele questionava. A identificação da Lava-Jato com movimentos de direita, segundo Lima, prejudicou significativamente a operação, transformando-a em um instrumento político nas mãos de quem pretendia manipulá-la para fins próprios.
O início da Lava-Jato, conforme rememorado por Lima, foi marcado pela descoberta de operações de doleiros e expandiu-se rapidamente, evidenciando uma rede de corrupção que envolvia diversos políticos e partidos. No entanto, ele admite que houve uma subestimação das dificuldades em sustentar uma investigação dessa magnitude frente às pressões políticas, especialmente após as manifestações de 2013 e a derrocada das 10 medidas contra a corrupção.
Santos Lima reflete sobre os desafios enfrentados pela Lava-Jato, comparando a resistência encontrada no Brasil com investigações similares nos Estados Unidos, envolvendo figuras como o ex-presidente Donald Trump. O crescimento exponencial da operação, que rapidamente envolveu os maiores partidos do país, foi simultaneamente seu maior triunfo e seu calcanhar de Aquiles.
Apesar dos obstáculos, o legado da Lava-Jato permanece como um marco no combate à corrupção no Brasil, expondo a extensão da corrupção sistêmica e influenciando o debate público sobre integridade e transparência. No entanto, Lima sinaliza que repetir uma operação dessa escala se tornou improvável, devido a alterações legislativas.
Ao comentar sobre a atuação do STF, o procurador reconhece a consistência do tribunal em muitos aspectos, mas não isenta de críticas técnicas, ressaltando a importância de aderir aos princípios constitucionais.
Com informações do DCM
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