23/12/2021 14:56

Para Queiroga, ´´Óbitos de crianças estão dentro de patamar que não implica em decisões emergenciais``

818 visitas - Fonte: UOL

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sugeriu que existe um patamar confortável de mortes de crianças por covid-19. E como, na sua avaliação, o Brasil ainda não ultrapassou esse patamar, não é necessário pressa para começar a vacinação do grupo entre 5 e 11 anos.



"Óbitos de crianças estão dentro de patamar que não implica em decisões emergenciais. Isso favorece que o ministério possa tomar decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança e da eficácia", afirmou a jornalistas nesta quinta (23). Será que ele espera um aumento na taxa de mortes para ter urgência?

Se o ministro precisasse responder às mais de 300 famílias que perderam filhos entre 5 e 11 para a covid-19 desde o início da pandemia, talvez pensasse diferente. Mas ele só se preocupa em atender a uma única pessoa, aquele que garante o seu emprego, Jair Bolsonaro.



E a prioridade do presidente da República não é proteger os pequenos, mas agradar seu eleitorado (tanto o naco negacionista, quanto o grupo que defende a liberdade plena para contaminar e ser contaminado) - que não quer ver crianças sendo vacinadas. Para agradar esse povo, postergam o quanto possível o início da imunização que poderia ajudar a salvar vidas.

A última jogada foi criar uma aberração: uma consulta pública sobre a vacinação para pessoas entre 5 e 11 anos, mesmo após a aprovação técnica do imunizante da Pfizer para esses fins pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o posicionamento favorável da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19, ligada ao próprio Ministério da Saúde.

A ação quer mostrar aos seguidores de Jair que o governo é democrático consultando de forma inútil e demagógica a população sobre um assunto que deveria ser restrito a cientistas e pesquisadores. E seguidores felizes significam seguidores que defendem Jair até a morte nas eleições.



Como já disse aqui, poucos momentos na pandemia embrulham tanto o estômago quanto a cruzada irresponsável do presidente e do ministro contra o direito de pais e mães vacinarem seus filhos contra a covid-19.

Em meio a isso, Jair fomentou ameaças contra a equipe da Anvisa, dizendo que iria entregar os nomes dos técnicos e diretores que aprovaram a vacina (para serem atacados por seus seguidores), e afirmou que vai demandar um desnecessário termo por escrito de consentimento dos responsáveis pela criança para a vacinação e exigir receita médica - a fim de sabotar o processo.

O coronavírus mata crianças, apesar de ser menos letal do que com adultos, o que já seria motivo para protege-las. O risco de não se vacinar é muitas vezes maior do que qualquer efeito colateral. Isso sem contar que uma criança vacinada reduz a chance de transmissão da covid-19 quando infectada, o que ajuda a frear a circulação do vírus.



Na segunda (20), Queiroga já havia dito que a "pressa é inimiga da perfeição" ao ser cobrado sobre prazos de vacinação de crianças. Seria mais justo e direto se simplesmente mostrasse o dedo do meio para os brasileiros, como fez durante um protesto contra o governo durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova York.

Queiroga poderia, pelo menos, fazer o favor de nos dizer qual será o patamar a partir do qual a morte de crianças vira uma emergência para a sua pasta. Confesso que temo ouvir a resposta.



Assista ao vídeo abaixo:



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