Os 7 erros do jantar em que Temer riu (da imitação) de Bolsonaro - Por Leonardo Sakamoto

Portal Plantão Brasil
14/9/2021 15:13

Os 7 erros do jantar em que Temer riu (da imitação) de Bolsonaro - Por Leonardo Sakamoto

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Viralizou nas redes um vídeo em que o humorista André Marinho imita Jair Bolsonaro em um jantar de homenagem a Michel Temer nesta segunda (13). A gravação chama a atenção por trazer, além de uma boa imitação, um pacote simbólico do que representa o poder no Brasil. Incluindo os erros desse poder frente à realidade.






1) O local do rega-bofe, que juntou parte da nata da sociedade, é a residência do investidor Naji Nahas, um antigo conhecido da polícia e amigo de Temer. Foi preso pela Polícia Federal em meio à operação Satiagraha, em uma investigação de corrupção e lavagem de dinheiro em 2008. Não era figurinha nova: quase 20 anos antes, em 1989, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro despencava por conta de golpes que ele aplicou no sistema financeiro. Também foi apontado como interessado no trágico despejo dos moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), que ficou conhecido pela violência contra os sem-teto.

2) Todos os sentados à mesa são homens, brancos e ricos, uma fotografia do poder tradicional. Dentre as 18 pessoas, não há uma mulher ou pessoa negra, apesar de ambos os grupos serem maioria no país. A imagem é de 2021, mas poderia muito bem ter sido usada para representar a "Convenção de Itu de 1873" no lugar da famosa pintura de Jonas de Barros, que representava os republicanos no Império ainda escravagista.



No jantar, estavam políticos, como Gilberto Kassab, presidente do PSD; empresários, como Paulo Marinho, ex-amigo de Jair Bolsonaro e pai do humorista, e Johnny Saad, proprietário do Grupo Bandeirantes; jornalistas como Antonio Carlos Pereira, ex-editorialista do jornal O Estado de S. Paulo, e Roberto d’Ávila, apresentador e diretor da GloboNews; médicos como Raul Cutait, cirurgião do hospital Sírio-Libanês; advogados, como José Yunes, próximo a Temer. Com algumas variações, lembra o pequenino círculo do poder da Sucupira, de Dias Gomes.

3) Os presentes trataram Bolsonaro como fanfarrão. Temer e os demais riram efusivamente da imitação, mostrando que uma parte da elite brasileira considera o presidente como uma piada e não como um agente de corrosão da democracia. Os risos ajudam a explicar a razão do impeachment estar longe da agenda de uma parte do PIB.



4) Tortura com pau de arara foi recebida com risos. Em determinado trecho da imitação de Bolsonaro por André Marinho, ele diz a Temer sobre a carta que o ex-presidente o ajudou a escrever: "Cadê a parte que eu combinei de botar o pau de arara na Praça dos Três Poderes e dar de chicote no lombo de Alexandre de Moraes?" Por mais que esteja ridicularizando um presidente que instalaria, de fato, um pelourinho público se pudesse, os risos diante do equipamento usado na ditadura para abrir o bico de críticos ao regime geraram azia e má digestão.

5) Os presentes, principalmente Michel Temer, acharam graça que ele aparecesse como salvador de Bolsonaro. Mas, de fato, quem foi usado por que O ex-presidente desempenhou um papel útil, emprestando sua credibilidade junto ao centrão no Congresso Nacional, para acalmar os ânimos após as micaretas golpistas. Ou seja, isso não é parte do plano de Temer, mas da estratégia de Bolsonaro, que desde que assumiu o governo realiza aproximações sucessivas em direção a um golpe, atacando e recuando. O recuo tático desta vez foi maior porque o avanço do dia 7 de setembro também havia sido. Temer prestou um favor ao ajudar a baixar a fervura até a próxima investida.



6) O vídeo não vazou por descuido, como muitos dizem. O registro foi feito pelo marqueteiro do ex-presidente Temer, Elsinho Mouco, que vem trabalhando para fortalecer a imagem de seu cliente nas redes sociais, e foi divulgado por ele e por Paulo Marinho, antigo apoiador de Bolsonaro que se tornou inimigo ao ser abandonado por ele. Sabiam que chegaria no presidente, e talvez fosse essa a intenção. Contudo, o vídeo pode sair pela culatra, sendo útil ao capitão. Por que um grupo da elite tradicional, ou seja, do sistema, rindo de Bolsonaro em um jantar chique, pode fortalecer a imagem do presidente junto ao seu público mais radical - que anda criticando bastante o "mito", frustrado com a arregada tática que ele deu.

7) O PIB prefere humilhar Bolsonaro entre quatro paredes do que permitir que ele seja substituído por tudo o que já fez. A cena ganhou dimensão porque contou com Temer logo após as micaretas golpistas, mas elas se repetem em outras residências dos Jardins, do Leblon, do Lago Sul. A questão é que, enquanto isso, o Brasil produziu quase 600 mil mortes, 14,4 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos e deve viver apagões de energia elétrica até dezembro. O que pensa de tudo isso o garçom, que aparece no vídeo, o único usando máscara? Será que ele pode rir de Bolsonaro como os demais em torno da mesa?



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