Governador de Alagoas diz que todo policial que participar de manifestações no dia 7 de setembro pode ser demitido

Portal Plantão Brasil
3/9/2021 13:46

Governador de Alagoas diz que todo policial que participar de manifestações no dia 7 de setembro pode ser demitido

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6192 visitas - Fonte: Isto é

O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), está apreensivo com as ameaças golpistas manifestadas por Bolsonaro. Ainda mais agora quando o ex-capitão passou a estimular policiais militares dos Estados a participarem dos atos pró-governo marcados para este Sete de Setembro. Em entrevista a ISTOÉ, Renan Filho promete punir com demissão todo policial do seu estado que participar das manifestações. “Bolsonaro está usando os policiais militares nos Estados como instrumento para fazer ataques à democracia”, afirmou.



Apesar de reconhecer que a movimentação do ex-capitão traz riscos à democracia, o governador diz não acreditar no sucesso de um golpe. Segundo ele, a sociedade brasileira e a comunidade internacional não apoiarão retrocessos institucionais. “O Brasil não é uma república de bananas.” Para ele, que é filho do senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, o mandatário tem responsabilidade direta sobre as quase 600 mil mortes na pandemia e deve ser responsabilizado no relatório final da CPI. “O presidente fez um enfrentamento negacionista. O atraso na compra de vacinas, o estímulo às aglomerações e a prescrição de remédios inapropriados contribuíram para chegarmos à tragédia que vivemos”.

Como o senhor vê a escalada autoritária de Bolsonaro que procura atrair as Polícias Militares dos estados em atos pró-governo neste Sete de Setembro?

Espero que os policiais militares não se envolvam nessas questões políticas. Trata-se de uma força policial eminentemente de Estado. Isso atrapalha a própria instituição. É um equívoco do presidente essa postura de cooptar as PMs.



O que o governo de Alagoas pretende fazer para coibir esse tipo de conduta?

Em Alagoas, já abrimos alguns procedimentos administrativos para impedir essa cumplicidade. A ideia é responsabilizar aqueles que venham a participar de manifestações políticas.

Quando esses procedimentos foram abertos?

No momento em que a mobilização de policiais em torno de atos pró-Bolsonaro tiveram início, aqui em Alagoas começamos o processo de estabelecer punições aos que vierem a participar desses eventos.

A quais punições os PMs estão sujeitos?

Há procedimentos que resultarão desde a advertência ao policial, à demissão do servidor. Aqui em Alagoas não vamos permitir um posicionamento político dos policiais. Isso é o que estabelece a nossa Constituição.

Por que Bolsonaro está envolvendo os policiais em sua estratégia antidemocrática?
Bolsonaro usa os policiais como instrumento para fazer ameaças veladas à democracia. Como o Exército não pretende aderir aos seus delírios, o presidente usa os policiais militares em sua paranóia golpista.



Há risco de golpe?

Risco claro que há. Mas não acho que Bolsonaro conseguirá sucesso na concretização do golpe. Ele faz as ameaças para deixar uma sombra na cabeça de todo mundo. Bolsonaro não reúne condições para liderar uma ruptura democrática. Ele tem baixa popularidade internamente e não tem apoio internacional. O Brasil não é uma república de bananas. O Brasil é um dos países mais importantes do planeta e não contará com solidariedade internacional para uma aventura dessa natureza. Todos os demais Poderes são contrários ao golpe. Os estados também são contra. É por isso que Bolsonaro tenta essa conexão direta com as polícias. Quer mostrar que tem alguém do seu lado.

Acha que Bolsonaro decidiu flexibilizar o acesso às armas justamente para situações tensas como esta?
Não vejo um governo com capacidade de raciocínio tão ampla como essa. Bolsonaro é uma pessoa simplória, sem capacidade de fazer grandes digressões. Acredito que ele manipule um grupo de pessoas que pode até vir a invadir o Congresso ou o STF, como aconteceu com o Capitólio nos Estados Unidos, mas não vejo capacidade de articulação para uma ruptura no futuro. Todo mundo está pulando fora dessa loucura, como os empresários do agronegócio e os banqueiros da Febraban. Para mim, o objetivo de Bolsonaro é tentar mobilizar seus eleitores para mostrar que ainda tem uma agenda a defender.



Mas qual é essa agenda?

Essa é a questão. O governo não tem projeto. No Congresso, ninguém sabe qual é a agenda do governo. No Planalto, ninguém sabe dizer quais serão as propostas do governo para o ano que vem. Bolsonaro só pensa na reeleição. O mesmo acontece com Paulo Guedes, que tem demonstrado um despreparo muito grande. Todos os dias ele dá declarações gravíssimas, como essa recente sobre os altos custos da energia. Disse que não adiantava as pessoas ficarem sentadas chorando. Parece que o ministro está sofrendo uma pressão muito grande por ter que flexibilizar seus princípios liberais. Todo mundo está percebendo a voracidade da gastança do governo para projetos eleitoreiros e Paulo Guedes tenta fechar as cortinas para ninguém ver.

Qual é a sua avaliação sobre a ameaça feita pelo presidente da Caixa aos bancos que pretendiam endossar um manifesto crítico ao governo?

O manifesto é decorrência do custo que o governo Bolsonaro causa ao bolso do cidadão e que sobe todo dia. A cada dia, está mais caro para o País sustentar um governo perdulário como esse. Já quanto à posição dos bancos públicos, isso só revela o aparelhamento que Bolsonaro faz em todas as esferas de governo. E é o oposto do que ele pregava antes de ser presidente. Tudo o que ele faz agora, dizia que eram coisas retrógradas e não republicanas, mas que hoje fazem parte do dia a dia do seu governo.



Qual é sua avaliação sobre o governo atacar seu pai, o relator da CPI da Covid no Senado, que defendia a tese de não se investigar os governadores?

Em nenhum momento tivemos colapso da rede pública de saúde. Sempre conseguimos atender quem adoeceu. Não faltaram insumos, não faltaram profissionais, nem leitos de UTI. O enfrentamento aqui foi bem sucedido. E isso tudo aliado às políticas de distanciamento social. Ninguém foi mais investigado do que eu. A base do governo tem utilizado todo tipo de estratégia para me envolver nas investigações. Eu estou à disposição para responder a qualquer coisa. Nunca fugi de investigação. A CPI também não pode ser objeto de perseguição política. Porque isso atrapalha a democracia.

Qual o balanço que o senhor faz sobre o trabalho da CPI da Covid?

A CPI tem feito um trabalho importante para investigar os motivos que levaram Bolsonaro a se negar a comprar vacinas e a oferecer remédios sem eficácia. Desde o início, ele não quis comprar a Coronavac. Chamava-a de “vachina”. Também não quis comprar a Pfizer. Quis adquirir outras vacinas, as mais caras, superfaturadas e sempre com a participação de intermediários suspeitos. Parece que ali havia interesses escusos. Sem falar que o presidente fez um enfrentamento negacionista da pandemia, no caminho contrário ao do mundo inteiro. O Brasil, hoje, é o segundo país com o maior número de mortes. O atraso na compra de vacinas, o estímulo para que as pessoas se aglomerassem nas ruas e o incentivo para que todos tomassem remédios que não funcionam para o combate ao coronavírus contribuíram para termos chegado até aqui, à marca criminosa de 600 mil mortes. Há responsabilidades claras do presidente nesse caos. Se o Brasil tivesse seguido a agenda que outros países seguiram, certamente o número de mortos seria muito menor.



Qual a mensagem que o governo Bolsonaro passou durante a pandemia?

O governo Bolsonaro passou uma imagem de um governo sem foco e sem planejamento. Um governo que demitiu o competente ministro Luiz Henrique Mandetta e, depois, dispensou outro médico, o Nelson Teich, que tinha ideia do tamanho da crise, mas que pediu para sair porque não aguentou ficar num governo sem rumo. E, finalmente, colocou-se um general no cargo, com o objetivo único de executar tudo o que o insensível presidente determinava. Em nenhum momento Bolsonaro combateu a pandemia. Ele tentou politizar a pandemia. Como não tem capacidade de gestão e trabalha pouco, sem qualquer planejamento, acabamos colhendo uma tempestade na saúde. O pior foi que ele quis transferir as responsabilidades que eram dele.Tentou fazer isso com governadores e com os prefeitos, dizendo que eles foram responsáveis pela crise, quando a responsabilidade pelo insucesso foi unicamente dele.

O senhor acha que a população reconhece que ele foi o grande culpado pela tragédia que vivemos?
As pessoas já perceberam que o presidente errou muito. Por isso, a popularidade dele despencou durante a pandemia. A ficha do cidadão está caindo. As pessoas estão vendo o quão improvisado é o governo Bolsonaro e o quanto são desajustadas as suas teses com relação aos problemas brasileiros. O mandatário vive em outro mundo. O cidadão está com dificuldades para se alimentar, mas Bolsonaro manda as pessoas comprarem fuzil ao invés de feijão. É uma coisa quase insana. Ele faz isso para manter a base de internet dele aguerrida. Mas o brasileiro está atônito com tudo isso e já não o apoia.

Como o senhor vê a polarização entre Lula e Bolsonaro?

O governo Bolsonaro está sendo desastroso na economia, sobretudo para os mais necessitados. Com inflação descontrolada, desemprego alto, juros crescentes e o cenário de crescimento menor em 2022, o mais pobre está pagando grande parte dessa conta. E esse cidadão se identifica com Lula. Por isso, o petista é um nome forte. Mas será uma eleição muito disputada. Nunca um presidente perdeu uma reeleição no Brasil. Portanto, não é desprezível a possibilidade de Bolsonaro se reeleger, mas hoje ele não é o favorito.



O senhor acredita na chance de uma terceira via?

Nos últimos tempos, sempre surgiu um nome da terceira via. A Marina foi terceira via. Em outro momento, foi o Ciro. O Eduardo Campos também estava com a cara de ser a terceira via em 2014. A tendência no Brasil é sempre ter uma terceira via nas eleições. Mas, neste momento, ainda não temos um nome capaz de tirar Lula e Bolsonaro do segundo turno. Dos nomes que estão aí, Doria ainda não empolgou. Ciro também não se viabilizou. O MDB tem feito movimentos para tentar criar condições para uma terceira via, mas ainda não conseguimos chegar a um nome de consenso.



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