Wajngarten vai usar carta da Pfizer como maior trunfo em sua defesa e contra gestão de Pazuello na pandemia

Portal Plantão Brasil
11/5/2021 15:33

Wajngarten vai usar carta da Pfizer como maior trunfo em sua defesa e contra gestão de Pazuello na pandemia

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620 visitas - Fonte: O Globo

Protagonista do mais aguardado depoimento na CPI da Covid nesta semana, o ex-secretário de comunicação da presidência Fabio Wajngarten tem dito a interlocutores que guarda evidências para comprovar sua versão de que a demora do governo em comprar as vacinas da Pfizer ocorreu por "incompetência"e "ineficiência" da equipe de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde.







Uma delas é uma carta de agradecimento a ele enviada pelo presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, que comandou a filial brasileira até janeiro. Wajngarten cita a carta como prova de que ele teria se empenhado pela compra rápida de imunizantes – ao contrário de Pazuello, que teria sabotado a aquisição.



Segundo o relato do ex-secretário de comunicação à revista Veja, ele soube em setembro do ano passado que a Pfizer vinha tendo dificuldades para negociar com o governo.



A farmacêutica tinha enviado carta para o Ministério da Saúde em julho, com pedido de audiência. Em agosto, enviou nova correspondência, desta vez oferecendo 70 milhões de doses de vacina. Não houve resposta.



Segundo Wajngarten, depois de saber do caso, ele procurou o presidente Jair Bolsonaro. Depois disso, por ordem do presidente, ele teria começado a negociar com a multinacional para tentar desatar os nós que impediam o avanço das negociações.







Um dos impasses dizia respeito ao foro onde deveriam ser julgadas eventuais ações judiciais de reparação por efeitos adversos do imunizante, se seria o Brasil ou os Estados Unidos. Outros dois pontos que emperravam a negociação eram as exigências da Pfizer de não ser responsabilizada por eventuais efeitos colaterais, e ainda de que o governo formasse um fundo para pagar as possíveis indenizações.



Esse último ponto era crítico para o ministro da Economia, Paulo Guedes, que temia prejudicar as contas do governo. Só em fevereiro o ministro concordou em contratar um seguro no exterior para cobrir despesas com indenizações.



Mas faltava, ainda, decidir o grau de responsabilidade da Pfizer sobre os danos. Esse era um dos pontos de maior resistência não apenas de Pazuello, mas também de Bolsonaro. "Se você virar um jacaré, é problema seu" disse o presidente da República, na ocasião.







Foi quando o senador Randolfe Rodrigues e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, entraram na negociação. Após se reunirem de forma remota com Carlos Murillo e sua sucessora na Pfizer, Marta Díez, na manhã do dia 22 de fevereiro, eles elaboraram o projeto de lei que atribuía a responsabilidade ao comprador, ou seja, o governo federal.



Naquele mesmo dia, Pacheco foi ao ministério da Saúde se reunir com Pazuello acompanhado de Flávio Bolsonaro, representando o pai. Saiu de lá com um endosso ao projeto de lei, que foi aprovado no dia seguinte.



Wajngarten não participou da reunião com Pazuello, mas escreveu aos dois parlamentares nesse mesmo dia, defendendo a compra da vacina americana e criticando o ministro da Saúde.



Quando o acordo com a empresa foi assinado, em março deste ano, Wajngarten já tinha deixado o cargo, desgastado por disputas internas.







Uma dessas disputas se deu contra o próprio Pazuello, que acusava o então secretário de comunicação de ter algum tipo de interesse oculto em favorecer a Pfizer. Wajngarten diz que as acusações de Pazuello foram a "gota d’água" para a sua saída do governo. Ele deve repetir essa mesma versão à CPI.



"Se o contrato com a Pfizer tivesse sido assinado em setembro, outubro, as primeiras doses da vacina teriam chegado no fim do ano passado”, disse Wajngarten à Veja.



Quando a Pfizer enfim fechou com o governo, seus executivos enviaram cartas de agradecimento não só a Wajngarten, mas também a Paulo Guedes, ao senador Randolfe Rodrigues e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.



O episódio deverá ser exposto na CPI pelo ex-secretário de comunicação, que diz ter guardado emails, documentos e provas que sustentam sua versão, incluindo a carta recebida do então presidente da Pfizer.







Inicialmente, Wajngarten esperava depor depois de Pazuello. Mas, com o adiamento do depoimento do ex-ministro, ele deverá falar antes e provavelmente terá sua versão contestada. Por isso, os senadores do bloco que reúne oposicionistas e independentes não descartam realizar uma acareação.



Quem não tem razão para se preocupar, por enquanto, é o presidente da República. Na entrevista à Veja e nas conversas reservadas com interlocutores, o ex-secretário de comunicação tem preservado Bolsonaro das acusações de boicote na compra de vacinas. Wajngarten tem dito que a culpa pela demora foi de Pazuello e que a única exigência do presidente era a aprovação da vacina pela Anvisa, o que ocorreu em 23 de fevereiro.



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