O brasileiro que escapou do pesadelo quando ficou em Wuhan(China), por amor à namorada, no início da pandemia

Portal Plantão Brasil
8/4/2021 11:57

O brasileiro que escapou do pesadelo quando ficou em Wuhan(China), por amor à namorada, no início da pandemia

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3422 visitas - Fonte: O Globo

Há exatamente um ano, os moradores de Wuhan, a cidade chinesa onde foram detectados os primeiros casos de Covid-19, recuperaram a liberdade. Foram 76 dias de rígido confinamento, uma medida considerada drástica na época, quando a doença ainda parecia ser um problema exclusivo dos chineses.



O professor de judô Rodrigo Silva Duarte, de 29 anos, foi um dos poucos brasileiros que ficaram em Wuhan durante todo o lockdown. Ele lembra bem daquele 8 de abril de 2020, quando finalmente pôde sair de casa depois de mais de dois meses, “foi uma estranha sensação de liberdade”, descreve.







Nascido em Natal (RN), Rodrigo confessa que ficou “balançado” com a chance de voltar para casa quando o Itamaraty organizou o resgate dos brasileiros que viviam na cidade, em fevereiro, mas acabou decidindo ficar e não tem do que se arrepender.



Enquanto a vida em Wuhan voltou ao normal, o número de mortes por Covid-19 no Brasil só na quarta-feira (4.211) foi quase igual ao total de mortos pela doença em toda a China desde o início da pandemia (4.636, segundo dados oficiais). A sensação que tem quando pensa que quase trocou Wuhan pelo Brasil, diz Rodrigo, é a de alguém que desistiu na última hora de um bilhete para um voo que terminou em desastre.



Se é assim, sem pieguice, pode-se dizer que o que salvou Rodrigo foi o amor. Quando o lockdown foi decretado, o professor de judô estava com a namorada no apartamento dele. O que pesou na decisão de ficar em Wuhan foi pensar que a namorada ficaria trancada em seu apartamento, “seria desumano me salvar e deixar ela aqui”, diz ele. O romance floresceu no confinamento. Há duas semanas eles se casaram e Rosie, agora esposa, está grávida.







Rodrigo diz que a recuperação de Wuhan após aqueles dias de angústia no início da crise foi mais rápida do que ele esperava. Dono de uma academia de judô num bairro universitário antes da pandemia, ele “repaginou” o negócio com novos sócios, mudou de endereço e agora sua clientela se concentra em crianças de 4 a 12 anos. O baque foi inegável: quando o vírus apareceu, ele contava com mais de cem alunos. Hoje tem 24.



Mas a retomada econômica da cidade lhe deu confiança para investir em uma nova academia e acreditar que ela tem tudo para crescer. O consumo voltou e seu negócio atende à intensa demanda dos pais chineses por atividades extracurriculares para seus filhos, explica Rodrigo. No caso da academia há uma vantagem extra: os treinamentos acabam virando “dois em um”, já que as aulas são em inglês. Além disso, elas preparam as crianças para se defender do bullying escolar, uma preocupação de muitos pais, diz Rodrigo.







Prestes a ser pai e com um negócio promissor, tudo estaria bem se não fosse a tristeza com o Brasil. Rodrigo diz que, a curto prazo, não tem planos de levar a mulher para conhecer a família em Natal. Ao contrário: quer levar a mãe para morar um tempo com ele em Wuhan. A situação se inverteu: Wuhan, que já foi conhecida como o epicentro da pandemia, tornou-se um lugar seguro para viver e ver seu filho nascer. O epicentro agora é o Brasil.



Em qualquer lugar que Rodrigo chega e diz que é brasileiro, a primeira pergunta que lhe fazem é quando ele chegou a Wuhan, com medo de estarem em contato com alguém recém-chegado de um lugar com altas taxas de infecção. Só ficam mais calmas quando ele diz que está na cidade desde o início da pandemia. O sentimento dos chineses pelo Brasil, “não sei bem explicar, não chega a ser exatamente de pena”, diz Rodrigo, “mas é quase isso”.



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