604 visitas - Fonte: UOL
A tendência de queda no número de novos casos de covid-19 no mundo, verificada desde meados de janeiro, foi interrompida na última semana de fevereiro devido, principalmente, à alta registrada no Brasil. Ou seja, a piora da pandemia no Brasil foi o fator que mais contribuiu para que o número de novos casos confirmados da doença no mundo voltasse a subir, depois de um mês de forte redução.
Segundo os gráficos do site Our World in Data, que usa as estatísticas compiladas pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, a média diária de novos casos de pacientes infectados pelo novo coronavírus cresceu de maneira acentuada desde final de dezembro até o dia 11 de janeiro, quando atingiu o pico de toda a pandemia, com quase 740.000 novos casos diários registrados na média móvel de sete dias.
A partir daí, a pandemia desacelerou, com o número de novos casos no mundo caindo drasticamente durante pouco mais de um mês. Na última semana de fevereiro, porém, verificou-se uma nova tendência de alta mundial, com um crescimento de 6,6% no total de novos casos em comparação com a semana anterior.
Os números brasileiros foram os que mais impactaram na alta mundial no período — e portanto, na reversão da tendência de queda.
Entre os dias 21 e 27 de fevereiro, o Brasil foi responsável por nada menos do que 43% do crescimento mundial no número de pacientes com covid-19. A soma dos dados de Itália, Polônia, Turquia, Índia, Argentina, França, Alemanha, Hungria, Bélgica e Áustria representou 32% no aumento de novos casos diários registrado no período.
Ou seja, nenhum país contribuiu tanto para reverter a tendência de desaceleração da pandemia no mundo quanto o Brasil. Os dados dos Estados Unidos no período continuaram em queda. A continuar nesse ritmo, nas próximas semanas o Brasil vai superar os Estados Unidos em total de novos casos diários.
Na última semana de fevereiro, o Brasil registrou 14% dos novos casos de covid-19 no mundo. A participação brasileira nesse total vem crescendo consistentemente desde novembro do ano passado, quando esteve abaixo de 5%, como se pode verificar no gráfico elaborado para a coluna por Fernando Nascimento, consultor da Fundação Instituto de Administração (FIA) e professor de métodos quantitativos do ESE - Escola Superior de Empreendedorismo do Sebrae-SP.
O gráfico (veja abaixo) compara a evolução de novos casos de covid-19 registrados a cada semana no mundo (representada pelas barras) com os altos e baixos da participação brasileira em cada período de sete dias (linha cinza).
A participação dos casos brasileiros no total mundial foi maior nos meses de maio e junho do ano passado e caiu à medida que houve um aumento significativo no número de pacientes com covid-19 no resto do mundo.
O que se verifica agora é o inverso. Nas últimas semanas, quando a tendência no mundo era de redução de novos casos, a participação do Brasil no total mundial cresceu, alavancada pelas altas taxas de contaminação dentro do país.
Nesse período, nenhum país contribuiu tanto quanto o Brasil para piorar as estatísticas mundiais da pandemia.
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