Reunião do Conselho da Petrobrás foi em clima tenso, com divisão dos membros a respeito das ordens de Bolsonaro

Portal Plantão Brasil
23/2/2021 17:58

Reunião do Conselho da Petrobrás foi em clima tenso, com divisão dos membros a respeito das ordens de Bolsonaro

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739 visitas - Fonte: O Globo

RIO - A reunião do Conselho de Administração da Petrobras que avalia, entre outros temas, a troca de comando na estatal decidida pelo presidente Jair Bolsonaro, transcorre sob um clima tenso. O encontro, que é realizado de forma virtual por causa da pandemia, começou às 8h30, e logo se estabeleceu uma divisão entre os 11 conselheiros em três grupos.







Esses grupos são: a ala militar, com dois membros; os outros cinco indicados pela União, incluindo o atual presidente da companhia, Roberto Castello Branco; o grupo de três conselheiros independentes, que representam acionistas minoritários; e a representante dos funcionários.



Há opiniões distintas entre os representantes civis do governo: embora sejam contra a substituição de Roberto Castello Branco, não querem ficar mal vistos pelo governo que os escolheu e tem poder para, em última instância, substitui-los para fazer valer sua vontade.



Castello Branco mostrou indignação com a forma como vem sendo tratado publicamente por Bolsonaro, e recebeu apoio de quase todos os conselheiros. Ele disse que vai falar ao mercado durante a apresentação dos resultados da empresa em 2020, marcada para a manhã de quinta-feira.







Já a ala militar encontrou uma improvável concordância na representante dos funcionários: querem a saída de Castello Branco. No entanto, as motivações são diferentes, que vão da pressão do governo federal à política de preços de combustíveis e o plano de venda de ativos, como refinarias.



Segundo uma fonte, os conselheiros mostram preocupação em aprovar a realização da Assembleia Geral Extraordinária para aprovar a nomeação do general Joaquim Silva e Luna para o lugar de Castello Branco.



Eles temem que essa decisão crie um “precedente” que possam levá-los a serem processados por investidores. A intervenção de Bolsonaro resultou em uma queda de mais de 20% no valor das ações na segunda-feira.



Durante a reunião, os conselheiros têm acesso a notícias e movimentações em Brasília, como a iniciativa do Ministério Público junto ao TCU de pedir que o conselho se abstenha de decidir sobre a troca de comando na Petrobras até que a Corte de contas se pronuncie sobre os sinais de interferência de Bolsonaro.







O nome do general Joaquim Silva e Luna já está sendo apreciado pelos Comitês de Pessoas e Auditoria da estatal. Conselheiros já ressaltaram que querem ter acesso ao currículo oficial do indicado.



A ideia é averiguar se ele tem experiência de dez anos de liderança e quatro anos de exercício de cargo diretivo, como requer a Lei das Estatais e o estatuto da Petrobras, que foram reformados após o escândalo da Operação Lava-Jato.



Veja quem é quem no conselho



Eduardo Bacellar Leal Ferreira



É o presidente do Conselho de Administração da Petrobras, eleito pelo acionista controlador. É almirante de Esquadra da Reserva e foi comandante da Marinha do Brasil até janeiro de 2019, tendo, portanto, chegado ao topo de sua carreira. Entre os cargos que exerceu estão o de capitão dos Portos do Rio de Janeiro e diretor de Portos e Costas, quando teve a oportunidade de aprofundar ligações com as atividades offshore ligadas à indústria do petróleo Indicado pelo governo, que é o acionista controlador da companhia.



Roberto da Cunha Castello Branco



Doutor em Economia pela Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getulio Vargas (FGV) e com pós-doutorado em Economia pela Universidade de Chicago, Roberto Castello Branco foi indicado pelo governo e assumiu a presidência da Petrobras em janeiro de 2019. Desde então, faz parte do Conselho de Administração da petroleira. É amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes.







João Cox Neto



Eleito pelo governo, João Cox é economista com especialização em economia petroquímica pela Universidade de Oxford, Reino Unido. Foi presidente da Telemig Celular e presidente da Claro. Cox possui vasta experiência como membro do Conselho de Administração de diversas companhias, como Embraer, Linx, Qualicorp, Braskem - onde é vice-presidente do Conselho de Administração - e Vivara, onde é presidente do Conselho.



Omar Carneiro da Cunha Sobrinho



Foi CEO de várias empresas, incluindo Shell Brasil, AT&T Brasil e Varig. Também é membro do Conselho de Administração do Grupo Energisa e da Brookfield. É formado em Economia pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro e possui pós-graduação em Administração Financeira pela FGV. Foi eleito pelo governo.



Ruy Flaks Schneider



Eleito pelo acionista controlador, Ruy Schneider é engenheiro industrial mecânico e de produção formado pela PUC-RIO. Oficial da reserva da Marinha, cursou a Escola Superior de Guerra. Acumula vasta experiência tanto como executivo quanto como membro de Conselhos de Administração e Fiscal de grandes empresas, entre elas a Xerox do Brasil, Banco Brascan, Banco de Montreal, Grupo Multiplan e INB Indústrias Nucleares do Brasil.







Paulo Cesar de Souza e Silva



É formado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie e com MBA pela Universidade de Lausanne, Suíça. É membro independente dos Conselhos de Administração da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e do Grupo Águia Branca. Nos últimos anos, foi CEO da Embraer, onde atuou por mais de 20 anos.Eleito pelo acionista controlador.



Nívio Ziviani



É engenheiro mecânico pela UFMG, mestre em informática pela PUC-RJ e Ph.D. em Ciência da Computação pela Universidade de Waterloo, Canadá. Especialista em tecnologia da informação, é professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da UFMG. Como empreendedor, fundou várias empresas, como Kunumi (2016), Neemu (2010), Akwan (2000) e Miner (1998). Eleito pelo governo.







Marcelo Mesquita de Siqueira Filho



É sócio fundador da Leblon Equities, gestora de recursos focada em ações brasileiras criada em 2008 e cogestor de fundos de ações e private equity. Antes disso, trabalhou por 10 anos no UBS Pactual e sete anos no Banco Garantia. É graduado em economia pela PUC-RJ, em Estudos Franceses pela Universidade de Nancy II e OPM pela Harvard Business School. É membro do Conselho de Administração da Petrobras desde 2016, eleito pelos acionistas minoritários.



Rodrigo de Mesquita Pereira



Eleito pelos minoritários, Rodrigo de Mesquita Pereira é bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da USP e pós-graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Foi conselheiro fiscal na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e membro suplente do Conselho Fiscal da Petrobras.



Leonardo Pietro Antonelli



Leonardo Pietro Antonelli é advogado, sócio-fundador do escritório Antonelli Advogados, graduado e mestre em direito econômico pela UCAM. Dirigiu a Escola da Magistratura Eleitoral durante os biênios em que integrou o Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, no cargo de desembargador federal. Foi eleito conselheiro pelos acionistas minoritários.







Rosangela Buzanelli Torres



Foi eleita conselheira em primeiro turno na eleição realizada pelos empregados da Petrobras em 2020. É graduada em Geociências e Engenharia pela Universidade Federal de Ouro Preto e tem mestrado em Geociências pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Ingressou na Petrobras em 1987. Atualmente, atua na área de operação exploratória marítima de águas profundas.



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