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Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (30) aponta que a hidroxicloroquina não previne a infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Estudos anteriores já apontavam resultados semelhantes. Além disso, também indicavam que a substância, usada para tratar alguns tipos de malária e doenças autoimunes, não era eficaz no tratamento da Covid-19 – fosse em casos leves, moderados ou graves da doença. Pelo contrário: uma pesquisa de Oxford associou o uso do remédio a uma piora nos quadros da doença.
A pesquisa desta quarta-feira foi publicada na revista "Jama Internal Medicine" e realizada por cientistas da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A universidade integra a "Ivy League", grupo que reúne as 8 melhores instituições do país. Harvard e Yale também fazem parte desse grupo.
"Embora a hidroxicloroquina seja uma droga eficaz para o tratamento de doenças como lúpus e malária, não vimos diferenças que nos levassem a recomendar sua prescrição como medicamento preventivo para a Covid-19 em trabalhadores de linha de frente", declarou o primeiro autor do estudo, Benjamin Abella.
O estudo foi randomizado: os voluntários, 125 profissionais de saúde atuando na linha de frente do combate ao vírus, foram divididos de forma aleatória (randomizada) em dois grupos – que receberam ou a hidroxicloroquina ou uma substância inativa, o placebo. O estudo também foi feito com "duplo-cego": nesse caso, nem os cientistas, nem os voluntários sabiam quem estava tomando a hidroxicloroquina e quem estava tomando o placebo.
Depois dos testes, que duraram 8 semanas, os cientistas mediram quantas pessoas se infectaram no grupo que recebeu o remédio e no grupo que recebeu o placebo; o objetivo era saber se o medicamento conseguia impedir o vírus de entrar nas células.
Ao todo, 6,3% dos que tomaram o remédio se infectaram com a Covid-19. Nos que não tomaram, esse percentual foi de 6,6%. Os que se infectaram tiveram sintomas leves ou ficaram assintomáticos. Nenhum paciente foi hospitalizado.
Os pesquisadores acreditam que os baixos níveis de infecção entre os participantes de forma geral apontam para a eficácia de outras medidas de prevenção no sistema de saúde: distanciamento social, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e higienização adequada das mãos.
O estudo
Para verificar se houve ou não uma infecção, cada pessoa passou por um teste do tipo PCR – que detecta o material genético do vírus em uma amostra – e um teste de anticorpos para a Covid-19, feitos no início, no meio e no final da participação no estudo, feito entre 9 de abril e 14 de julho.
Os participantes também fizeram testes de eletrocardiograma, para verificar possíveis problemas de ritmo cardíaco. Não houve diferença detectada nos ritmos cardíacos em nenhum dos dois grupos.
"Para realmente testar o potencial da HCQ como uma droga de prevenção, sentimos que era fundamental recrutar profissionais de saúde com muitas horas de exposição física direta a pacientes com Covid-19, e, em seguida, randomizá-los de forma duplo-cega entre hidroxicloroquina ou um equivalente placebo, e tratá-los por um longo período de tempo ", explicou Ravi Amaravadi, autor sênior do estudo. "Durante todo esse tempo, monitoramos os participantes de perto para sua segurança."
Embora o estudo estivesse originalmente programado para recrutar 200 profissionais de saúde, uma análise ao longo do caminho mostrou que a continuação da inscrição não produziria resultados diferentes. Um conselho independente de segurança e monitoramento de dados revisou as descobertas e concordou.
Testes na OMS
A hidroxicloroquina chegou a ser testada contra a Covid-19 nos ensaios "Solidariedade", da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os ensaios clínicos foram encerrados em 17 de junho, entretanto, porque as evidências científicas encontradas apontaram que a substância não reduziu a mortalidade em pacientes internados com a doença.
A suspensão definitiva ocorreu depois de uma parada anterior, temporária, que foi seguida de uma retomada nos testes.
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