´ArgenChina`: China e Argentina estreitam relações e se afastam do Brasil

Portal Plantão Brasil
25/8/2020 11:06

´ArgenChina`: China e Argentina estreitam relações e se afastam do Brasil

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Pela primeira vez na história, a China desbancou o Brasil como o maior parceiro comercial da Argentina.



O fato inédito ocorreu, quase desapercebido, em setembro e outubro de 2019, quando o país vizinho exportou US$ 74 milhões a mais para o país asiático do que para o mercado brasileiro. Em outubro, a diferença a favor da China foi menor, US$ 37 milhões.





Na época, pelo quase empate, os números não chamaram atenção. Fato que ocorre agora, depois de os chineses terem ultrapassado os brasileiros três meses seguidos, abril, maio e junho, e por um volume maior. Em abril, a Argentina exportou US$ 509 milhões para a China, principalmente em soja e carne bovina, um aumento de 50,6% em relação ao mesmo período de 2019.



Já para o Brasil, as vendas totalizaram US$ 393 milhões, enquanto no mesmo mês de 2019 tinham totalizado US$ 907 milhões, queda de quase dois terços, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística da Argentina (Indec).





No mesmo período, a Argentina importou mais do Brasil do que da China, mas os chineses encerraram o mês com saldo positivo de US$ 98 milhões no comércio bilateral, enquanto que o Brasil teve déficit de US$ 132 milhões.



Mas como a China conseguiu desbancar o Brasil como maior parceiro comercial da Argentina?



A pandemia do coronavírus, que desacelerou e até mesmo paralisou a indústria, é um dos principais motivos que explicam essa mudança, dizem especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.





O setor industrial, especialmente o segmento automotivo, representa pelo menos 40% do intercâmbio comercial entre Brasil e Argentina.



Por outro lado, a produção e exportação de grãos não sofreu o mesmo impacto e continua sendo o pilar das exportações da Argentina e de outros países da região para a China.



Ainda assim, apesar das circunstâncias atuais, não há dúvida de que Argentina e China vêm consolidando seus laços, ao passo que as relações do país vizinho com o Brasil vivem um esfriamento, acrescentam os especialistas.





’ArgenChina’



A aproximação da Argentina com a China vai além do comércio.



Exemplos disso são um observatório espacial chinês para missões à Lua, instalado na província argentina de Neuquén, na Patagônia, no sul do país, e a produção chinesa de porcos em grande escala na Argentina, para consumo na China.



Tamanha a importância da China para a Argentina que a revista Notícias, de Buenos Aires, ilustrou em sua capa uma reportagem com o título "ArgenChina (unindo os nomes dos dois países), as novas relações carnais" (a expressão antes era usada para definir a aproximação da Argentina com os Estados Unidos). Nela, o presidente Alberto Fernández aparece, numa fotomontagem, usando um chapéu chinês.





Enquanto isso, a relação comercial entre Argentina e Brasil vem minguando. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, nunca falou com o presidente argentino, Alberto Fernández, desde sua posse, há oito meses — um fato inédito na relação entre os dois países em 35 anos.



O silêncio entre os líderes gerou especulações sobre até que ponto esse distanciamento político, somado à nova onda de queixas contra barreiras comercias argentinas aos produtos brasileiros, podem estar prejudicando as relações entre os dois vizinhos.



"A relação com a China tem que ser vista sob vários ângulos. Econômico, político, estratégico. Fica a impressão que diante das características de Bolsonaro, a China poderia estar buscando um segundo ator na região", diz o professor de relações econômicas internacionais Raúl Ochoa, da Universidade Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), de Buenos Aires, à BBC News Brasil.





Segundo ele, o Brasil poderia ter sido o território natural, por suas dimensões, para a produção de porcos que a China hoje planeja desenvolver na Argentina.



"Claramente, a China não quer ficar centralizada num só país", diz Ochoa.



Marcelo Elizondo, da consultoria DNI, vai além, e diz que a China não está de olho apenas na Argentina como alternativa ao Brasil "porque precisa de todos, desde os minérios do Peru aos peixes do Chile, por exemplo".



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