Estudo indica que cannabis pode reduzir inflamação do pulmão pela Covid-19

Portal Plantão Brasil
22/7/2020 20:40

Estudo indica que cannabis pode reduzir inflamação do pulmão pela Covid-19

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5767 visitas - Fonte: Revista Forbes

Como casos de Covid-19 continuando a aumentar, pesquisadores começaram a procurar soluções em locais improváveis –como a cannabis. Os compostos ativos da planta têm várias propriedades que a tornam atraente como um potencial tratamento complementar para infecções do novo coronavírus, e recentemente cientistas começaram a analisar seu potencial para reduzir a suscetibilidade à doença e até discutiram se poderia ser usado como um medicamento antiviral.



Neste mês, pesquisadores da Universidade de Nebraska e do Instituto de Pesquisa Texas Biomedical estão recomendando mais pesquisas sobre como o CBD (ou canabidiol, uma das substâncias químicas derivada da cannabis) pode ajudar a tratar a perigosa inflamação pulmonar causada pelo novo coronavírus. Os autores detalharam evidências de como os poderes anti-inflamatórios da cannabis podem ajudar em um artigo revisado na edição deste mês da revista científica “Brain, Behavior, and Immunity”.





No artigo, os pesquisadores explicam que “relatórios recentes sugeriram que a infecção aguda está associada a uma tempestade de citocinas, o que contribui para os sintomas de febre, tosse, dor muscular”. Esses casos extremos de inflamação podem levar a uma pneumonia grave que obstrui os pulmões, dificultando ou impossibilitando a respiração. Portanto, uma das estratégias importantes que os cientistas estão estudando na luta contra a Covid-19 é reduzir esta inflamação.



Em particular, os pesquisadores estão analisando medicamentos que reduzem a atividade da citocina IL-6. Em um estudo recente, um desses medicamentos, o Tocilizumab, foi capaz de limpar os pulmões dos pacientes e resultou em recuperação para 90% das vítimas tratadas. Infelizmente, também produziu efeitos colaterais negativos, como inflamação do pâncreas e hipertrigliceridemia (um fator de risco para doença arterial coronariana). Isso levou os pesquisadores a continuar a busca por estratégias anti-inflamatórias –de preferência aquelas que não são tão severas com esses pacientes que já estão gravemente enfermos.



É aí que entra a cannabis. Os autores explicam que vários canabinóides na planta de maconha têm essas propriedades anti-inflamatórias. Em particular, eles apontam o CBD como o candidato mais provável para o tratamento de inflamação relacionada à Covid-19. O CBD mostrou uma série de propriedades anti-inflamatórias em estudos anteriores e não cria os efeitos psicotrópicos desorientadores associados ao THC químico mais comum da cannabis. Ele já foi aprovado pelo FDA, a agência federal de saúde dos Estados Unidos, como seguro para crianças com epilepsia intratável. Se o químico for bem-sucedido na redução da inflamação em pacientes com Covid-19, pode ser uma das alternativa mais seguras em relação a outras opções anti-inflamatórias.





Os autores explicam que pesquisas anteriores mostraram que o CBD pode reduzir uma série de citocinas pró-inflamatórias, incluindo a IL-6, que outras drogas estudadas para a Covid-19, também podem reduzir. Também se demonstrou que o CBD reduz a interleucina (IL)-2, IL-1a e ß, interferão gama, proteína induzível-10, quimioatraente monócito proteína-1, proteína inflamatória de macrófago-1a e o fator de necrose tumoral-a –todos eles associados a patologias de casos graves de Covid-19. Além de reduzir essas citocinas pró-inflamatórias, o CBD também demonstrou aumentar a produção de interferões, um tipo de proteína de sinalização que ativa células imunes e impede a replicação de vírus.



Pesquisas anteriores também apoiam a ideia de que o CBD pode reduzir, especificamente, a inflamação pulmonar. Em um estudo com animais com asma, o CBD foi capaz de reduzir a produção de citocinas pró-inflamatórias, reduzindo a inflamação das vias aéreas. No mesmo estudo, o CBD também reduziu a fibrose pulmonar –uma condição em que o tecido pulmonar fica danificado e com cicatrizes, espessando o tecido pulmonar e dificultando a respiração. Isso é importante, porque a Covid-19 também pode deixar pacientes com fibrose pulmonar grave.



Os autores também observam que o CBD não é o único canabinóide que se mostra promissor como medicamento anti-inflamatório. O THC também mostrou poderosos resultados anti-inflamatórios, mas é menos tolerado que o CBD, pois causa sintomas de desorientação, ansiedade e aumento da frequência cardíaca. Pesquisas sobre CBD, por outro lado, mostram que é seguro e bem tolerado com doses de até 1500 mg por dia, por um período de até duas semanas. Os autores explicam que isso “sugere sua viabilidade para reduzir a inflamação/patologia pulmonar induzida por SARS-CoV2 e a gravidade da doença”.





Embora os efeitos colaterais negativos sejam mínimos com o CBD, os autores do artigo apontam que o composto pode ter um benefício colateral para os pacientes com Covid-19: ansiedade reduzida. “As muitas incertezas associadas à pandemia, como a economia, o emprego e a perda de conexão, podem alimentar a depressão, o medo e a ansiedade”, explicam, apontando que o aumento da inflamação também pode desencadear níveis aumentados de ansiedade. Mas o CBD tem se mostrado uma boa solução para a ansiedade e pode ajudar a reduzir esses níveis de estresse.



Até o momento, nenhum outro estudo revisado por cientistas mostra que a maconha ou seus compostos podem ajudar especificamente com a Covid-19, mas os autores deste artigo dizem que as evidências sugerem podem, sim, auxiliar, e mais investigações devem ser conduzidas. Eles recomendam que os cientistas iniciem estudos para investigar se o CBD que pode ser usado para reduzir a inflamação e a ansiedade dos casos de Covid-19, como um complemento aos medicamentos antivirais.



Embora isso não sugira que a cannabis deva ser considerada uma cura ou tratamento de Covid-19 por si só, a pesquisa sugere que pode ter potencial para ajudar a reduzir a inflamação, e ainda diminuir a ansiedade nas pessoas que sofrem da doença. Mas até que mais estudos sejam feitos, essa é apenas uma teoria bem fundamentada. A experimentação direta é necessária para nos trazer respostas reais.



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