5446 visitas - Fonte: O Globo
RIO — Um artigo publicado esta semana na revista médica Lancet voltou a alertar sobre os riscos do uso de hidroxicloroquina e azitromicina para o coração. A pesquisa faz uma revisão de estudos científicos internacionais publicados e adverte que o risco de efeitos colaterais cardíacos durante a pandemia de coronavírus poderá aumentar por numerosas razões, analisadas por eles.
Embora condenada pela comunidade científica e sem qualquer comprovação, essa combinação de drogas ainda é usada contra a Covid-19. O presidente Jair Bolsonaro, infectado pelo coronavírus, é um dos usuários.
O artigo é assinado por Christian Funck-Brentano, Lee S Nguyen e Joe-Elie Salem, todos da Universidade de Sorbonne, em Paris. A França foi o país onde a onda da cloroquina/hidroxicloroquina contra a Covid-19 começou e também um dos primeiros a tirá-la oficialmente de uso, após a comprovação de sua ineficácia e risco
A hidroxicloroquina é associada principalmente ao aumento do risco de arritmias. Os pesquisadores franceses destacam que pessoas com Covid-19 têm múltiplos fatores de risco para arritmia induzida por drogas. Eles dizem que “hipocalemia (baixa de potássio que afeta o funcionamento do músculo cardíaco) é comum, a febre amplifica o bloqueio induzido pela droga de canais cardíacos; aumento das concentrações de interleucina-6 (modulador de inflamação), associada a alterações no funcionamento do coração”.
Acrescentam que, além disso, altas doses de hidroxicloroquina costumam ser associadas na Covid-19 ao antibiótico azitromicina, caso do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo. Essa combinação, segundo os cientistas franceses, também pode acentuar o risco de taquicardia ventricular.
E esse não é o único mecanismo pelo qual a hidroxicloroquina poderia provocar problemas cardíacos. De acordo com eles, foi observada amplificação do bloqueio nos canais de sódio, como visto na isquemia miocárdica, e alterações dos batimentos cardíacos, “duas condições associadas com hipóxia (falta de ar silenciosa) e Covid-19”.
Os pesquisadores frisam que “esse mecanismo é reconhecidamente relacionado com taquicardia, falência cardíaca e morte”. E concluem afirmando que, além de não proporcionar benefícios, a hidroxicloroquina causa efeitos colaterais cardíacos potencialmente fatais.
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