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Teich disse ser contra ’tomada’ de leitos da rede privada para combate ao coronavírus
Segundo o ministro, a medida teria impactos negativos na forma como o país seria visto no exterior
Leandro Prazeres e Renata Mariz
06/05/2020 - 18:29 / Atualizado em 06/05/2020 - 19:59
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse nesta quarta-feira ser contra uma "tomada" dos leitos da rede privada pelo poder público para suprir a falta de instalações hospitalares no combate à epidemia causada pelo novo coronavírus. Segundo Teich, uma "tomada" teria impactos negativos na forma como o país seria visto no exterior. A declaração foi dada após o ministro ser indagado sobre a possibilidade de o governo utilizar leitos de hospitais privados para atender pacientes infectados pela Covid-19.
- A gente tem que ser eficientes o bastante para que o SUS seja capaz de enfrentar (a Covid-19). Caso chegue no limite, vamos sentar com iniciativa privada, com a saúde suplementar e vai conversar e vai descobrir uma forma de trazer a saúde suplementar par afazer parte da solução do SUS, com uma cooperação e não com uma tomada. Isso é importantíssimo. Estamos discutindo uma forma de funcionar do país. Isso vai além da saúde. Isso é como as pessoas de fora vão olhar pra gente. Isso tem muito mais implicação que a Covid - afirmou o ministro.
A estatização de leitos privados para o combate da Covid-19 foi uma medida utilizada por governos de países como a Espanha, um dos mais atingidos pela doença no mundo. A medida também foi sugerida em estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard e pelo atual secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, que analisaram a estrutura hospitalar do Brasil.
Teich disse que o assunto é delicado que o governo deverá ter discussões com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
- A discussão não é sobre uma fila única. É sobre incorporar leitos do serviço privado e aí é uma situação que tenho que estudar com muito mais cuidado porque tem implicações que vão além desse momento - afirmou o ministro.
Teich voltou a dizer que as diretrizes do Ministério da Saúde sobre as políticas de isolamento que devem ser usadas no país estão prontas, mas que o órgão estuda o melhor momento para divulgá-las. Ele afirmou que deverá pedir que integrantes do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) revisem o plano.
Teich afirmou que haverá situações em que a recomendação será para o bloqueio total, também conhecido como "lockdown", como os que foram adotados por estados como o Pará e Maranhão.
- Vai ter lugar que vamos recomendar lockdown e vai ter lugar que vai permitir fazer outras coisas - afirmou o ministro.
Segundo Teich, as diretrizes do Ministério da Saúde vão estabelecer critérios que poderão ser adotados por estados e municípios para que eles determinem que grau de distanciamento social deve ser utilizado em cada localidade.
Teich confirmou que a pasta fará campanha de conscientização sobre Covid-19, a pedido de secretários de Saúde, mas afirmou que para cada lugar deverá ser uma estratégia.
- Vai ter lugar em em que você vai fortalecer a lavagem das mãos, o álcool em gel, a elegância da tosse. Em outro, você vai ter que explicar para as pessoas o que está acontecendo e porque elas têm que ficar fora - afirmou o ministro.
Campanha de conscientização
Teich confirmou que a pasta fará campanha de conscientização sobre Covid-19, a pedido de secretários de Saúde, que solicitaram uma voz única do governo sobre distanciamento em reunião na terça-feira.
O presidente Jair Bolsonaro se opõe a regras de isolamento, tema que contribuiu para a demissão do último ministro, Luiz Henrique Mandetta, que defendia a medida. Teich evitou ser enfático sobre o que vai ser apresentado na campanha, nem deu data, dizendo que para cada lugar é uma estratégia.
- Vai ter lugar em em que você vai fortalecer a lavagem das mãos, o álcool em gel, a elegância da tosse. Em outro, você vai ter que explicar para as pessoas o que está acontecendo e porque elas têm que ficar fora - afirmou o ministro.
Depois, questionado novamente, o ministro foi ainda mais evasivo:
- A gente tem coisas no site, orientações. Intensificar essa comunicação vai ser importante. A curva não está caindo, teremos que prestar atenção nisso e intensificar um pouco mais a nossa comunicação com a sociedade falando dos cuidados - disse ele.
Sobre prazo, também não foi claro:
- Foi de ontem para hoje (a decisão de fazer a campanha), não quero me comprometer com uma data exata.
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