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De Vereza à robô de Bolsonaro, bolsominions abandonam o rebanho por causa de Mandetta. Por Joaquim de Carvalho
Publicado por Joaquim de Carvalho - 3 de abril de 2020
A queda da popularidade de Bolsonaro, revelada nesta sexta-feira (03) por duas pesquisas, ganha contornos humanos quando se verifica o perfil nas redes sociais de antigo apoiadores.
O ator Carlos Vereza é o mais notório deles. Com uma mensagem no Facebook, tirou o time de campo.
“Estava tentando defender Bolsonaro, não tanto por ele, mas pela normalidade das instituições. Mas ele desautorizar publicamente o ministro da Saúde por ciúmes, não dá mais”.
Ana Cláudia, conhecida nos meios bolsonaristas como Ana Ativista de Direita, também tirou o time de campo.
A razão é a mesma de Vereaza: a humilhação a que Bolsonaro vem submetendo Luiz Henrique Mandetta, seu ministro da Saúde.
Hoje, ela fez várias postagens sobre o tema. “Médico não abandona o paciente e vai até o fim! Segue firme, Mandetta”, escreveu.
Logo depois, postou outro meme: “A fritura do Mandetta começou! Que gente mais NOJENTA!! Nojo define o que sinto por eles!! Ingratos! Sou 100% Mandetta”.
Por conta de suas postagens dissidentes, Ana Cláudia tem sido atacada por bolsonaristas radicais.
Fábio Marinho comentou em uma das postagens. “Você não era 100% Moro? Foi 100% Bolsonaro, depois Moro e agora Mandetta. kkkkkk”.
A Ativista de Direita respondeu: “A vida segue, o problema é quem vive no mesmo e não enxerga cagadas. Ainda sou Moro!”
Sua dissidência não é de hoje.
No último grande evento realizado pelos bolsonaristas, o do dia 15 de março, Ana Cláudia declarou que não iria, e desestimulou seus seguidores.
Sofreu ataques duros e até criminsos, conforme noticiou o site Antagonista, uma espécie de porta-voz da direita.
Houve quem fizesse ameaça de violência física. O caso foi devidamente registrado numa delegacia de polícia.
Ana Cláudia foi confundida nesta semana com outra ativista loira, a Val Paschoalini, que costuma levar gente para ficar no cercadinho de apoiadores no Alvorada.
Hoje, Ana Cláudia já não tem essa disposição, conforme suas postagens mais recentes, mas, durante a campanha de 2018, ela foi um exemplar destacado do gado
Era a bolsominion que estava na fila em um vídeo que viralizou, em que dizia, marchando: “Eu sou robô de Bolsonaro”.
“Que mico”, diz hoje em sua rede social.Moradora de São Paulo, a Ana Cláudia ainda agita as redes sociais, mas não mais a favor de Bolsonaro.
Ela tem diversas postagens em que aparece distribuindo cestas básicas para ajudar as famílias pobres a enfrentar a quarentena sem precisar sair de casa.
Outra ex-bolsonarista que apanha nas redes é Edileuza Nascimento, do Rio de Janeiro. Ela foi militante bolsonarista importante no Estado, mas também tirou o time de campo.
Hoje postou na rede o comentário de um bolsominion arrependido.
“Ser cético ao lidar com o poder e com quem o exerce sempre foi em qualquer lugar do mundo ponto pacífico no pensamento conservador. No Brasil se inaugurou o novo conservadorismo tupiniquim. Aqui, para uma turma, ser conservador é defender que mesmo os peidos do PR (presidente da república) tem aroma de rosas”, disse o ex-apoiador.
Edileuza acrescentou: “Tudo verdade! E tem mais… Se o presidente pedi para matar, terá idiotas para executar.”
Ela também compartilhou o vídeo em que um apresentador português esculacha Bolsonaro com piada sobre sua falta de inteligência.
Postou emojis de gargalhada e escreveu: “Seria cômico se não fosse trágico”.
Como era esperado, recebeu críticas de ex-companheiros da jornada que tem levado o Brasil para o fundo do poço.
Há poucos meses, tanto Ana Ativista de Direita quanto Edileuza estavam em Brasília no protesto para emparedar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, num movimento que interessava a Bolsonaro.
Já acordaram para o fato de que o ex-ídolo tem um projeto pessoal de poder, sem compromisso com a pauta que ela consideravam (e talvez ainda considerem) verdadeira: o de que há um movimento político genuíno de combate à corrupção.
Sempre foi um projeto de poder, e Bolsonaro representa parte dele. A Lava Jato, com Moro, também é uma organização de pessoas interessadas em ascender no jogo político.
Com Moro, isso é evidente. Tornou-se ministro de Bolsonaro, a quem ajudou a eleger com os processos contra o PT e a Lula, e hoje silencia diante dos desatinos do chefe.
Talvez um dia, elas despertem totalmente desse sono profundo, e se lembrem de que, entre 2003 e 2014, o Brasil viveu um ciclo de desenvolvimento sem precedentes na história recente, com uma situação econômica de quase pleno emprego.
Em 2015, no entanto, já com o movimento do golpeachment em curso, Dilma viu seu governo ser inviabilizado pela associação do PSDB de Aécio Neves com o MDB de Eduardo Cunha e Michel Temer.
Desde então, o Brasil foi atirado para o buraco e se vê claramente (não elas, e Carlos Vereza) que as forças que tomaram o poder não têm projeto capaz de nos tirar de lá.
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