Fake News mais divulgadas sobre coronavirus

Portal Plantão Brasil
30/3/2020 17:04

Fake News mais divulgadas sobre coronavirus

Veja o que você não deve divulgar

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Coronavírus: confira as fake news mais compartilhadas no WhatsApp

Entre os 20 áudios com maior circulação, cinco negam a gravidade da Covid-19; estudo da UFMG e da USP aconteceu após discurso de Bolsonaro na última semana

Por DANIEL OTTONI | @DOTTONI

30/03/20 - 15h43



Se antes da pandemia do coronavírus já era alta a disseminação de notícias falsas, também conhecidas como fake news, pelos grupos de WhatsApp, a incidência destas informações durante a propagação da doença aumentou consideravelmente. Quantos de nós já não recebeu mensagens pelo celular e ficou na dúvida se aquilo era ou não verdade? Todo cuidado é pouco na hora de repassar, precisando saber se aquilo procede mesmo antes de retransmitir para centenas de pessoas que poderão dar sequência em uma informação que pode mais prejudicar do que ajudar.









Com base nesta situação, foi feito um estudo em parceria entre os projetos Eleições Sem Fake, do Departamento de Ciência da Computação, da UFMG, e Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, com a presença de quatro integrantes. Entre os responsáveis pela pesquisa, o professor Fabrício Benevenuto da UFMG, além de Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas Pública pela USP.



Os dois tiveram o suporte de um aluno de pós-gradução em cada uma das universidades. O estudo datado de 29 de março analisou 2.108 áudios que circularam entre os dias 24 e 28 de março, em 522 grupos públicos de Whatsapp, com a participação de mais de 18 mil usuários ativos. O conteúdo veio por meio de banco de dados da UFMG, que chamou atenção dos pesquisadores quando perceberam o conteúdo dos áudios divulgados a partir do dia seguinte ao discurso do presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, Bolsonaro chamou o coronavírus de ’gripezinha’ e pediu para a população brasileira voltar à normalidade.



O material foi publicado no programa ’Fantástico’, da Rede Globo, na noite deste domingo, quando ficaram evidenciadas uma série de informações falsas no conteúdo divulgado pelo estudo. Entre os 20 áudios com maior circulação, cinco negam a gravidade do Covid-19 e quatro deles estão entre os 10 mais compartilhados. Esses cinco áudios são responsáveis por 35% dos compartilhamentos totais da amostra analisada. Segundo os áudios, com supostos depoimentos de médicos e testemunhas, as CTIs estão vazias, as funerárias estão sem corpos e os mortos por acidente estão sendo contabilizados como vítimas do vírus.







O que despertou o interesse para a pesquisa foi o grande crescimento do número de áudios, nas duas últimas semanas em grupos que, normalmente, recebiam mais informações por meio de vídeos e memes. A maior movimentação se assemelha ao que aconteceu durante a campanha política de 2018, quando grupos menos ativos passaram a ter mais mensagens compartilhadas entre os usuários.



"Alguns fatos em comum são a intenção de que uma proximidade seja criada, com o responsável pelo áudio chamando a pessoa pela nome e afirmando que tal fato aconteceu com um amigo. Alguns outros afirmam que são autoridades e usam este argumento para gerar algum impacto", comenta Ana Luiza Aguiar, uma das integrantes do estudo. Ana é pesquisadora do Monitor do Debate Político no Meio Digital, projeto do grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso e a Informação, que faz parte da Universidade de São Paulo (USP). A ideia do projeto é mapear, mensurar e analisar o ecossistema de debate político no meio digital. Um dos principais focos do Monitor Digital, como também é conhecido, é fazer uma análise da polarização politica na internet.



"A área de saúde é a que mais propicia fake news e desinformação. Antes mesmo da pandemia, isso já era comum e frequente. Com ela, o número de casos aumentou de forma absurda, servindo para acelerar a disseminação deste tipo de notícia falsa", reforça.



O fato das ’informações’ aparecem de forma secreta desperta o interesse de muitas pessoas, que acabam acreditando no que apenas alguns supostamente tiveram acesso ou viram. "Os testemunhos sempre revelam uma verdade escondida, aparecem em formato de boato. Um deles é de um médico de UTI que viu a sala vazia, algo que o público nunca poderia saber. O outro recebeu a informação de um amigo que é dono de funerária e o seguinte é amigo de um falecido", destaca Pablo.









Na dúvida, não compartilhe



Ao mesmo tempo que a responsabilidade é grande por quem produz as notícias, ele reforça que quem as dissemina também tem alto grau de interferência na propagação das desinformações. "O compartilhamento está diretamente relacionado com emoções fortes. No meio de uma pandemia, as pessoas podem agir por impulso, tendo também responsabilidade na difusão destes conteúdos maliciosos. Sem compartilhamento, isso não vai se propagar. Se o conteúdo for duvidoso, não passe adiante", orienta Pablo.



Ana Luiza Aguiar lembra pesquisa da professora Clear Wardle, da Universidade de Columbia, em Nova York, uma das principais referências no mundo quando o assunto é desinformação. "Uma forma que percebemos entre a propagação de notícias falsas, é como fatos verdadeiros são colocados para tentar confundir as pessoas. Hospitais e cidades que existem são citados e, quem recebe a informação, pode ficar com a ideia de que aquilo é mesmo verdade", indica.



Prato cheio para hiperpartidarismo



As informações falsas acabam sendo compartilhadas não só nos grupos de WhatsApp como também por meio de meios de comunicação hiperpartidários, que usam tais notícias para reforçar seu perfil político.



"Estes sites contam com muitas opiniões e nenhuma informação. Eles se apresentam como sites de notícias, tem até o layout parecido com os veículos tradicionais, mas a escrita não obedece aos critérios práticos do jornalismo, sem escutar o outro lado, sem checar a fonte, etc. Eles tiram informações do contexto e só validam aquilo que os interessa. São fenômenos da desinformação que fingem ser jornalísticos para serem usados nesta guerra da polarização política", lembra Aguiar.



Para o professor Pablo, os grupos de WhatsApp são ainda mais perigosos do que sites na internet. "Estas páginas têm registros e podem ser bloqueadas. Pelas redes sociais, o conteúdo é muito mais malicioso, não se sabe de onde veio, não existe um controle, é uma caixa preta, um tiro no escuro. Este estudo foi feito sem muita profundidade, com pouco tempo de coleta, mais para chamar atenção para este fenômeno. É uma intenção de colaborar mais com o meio jornalístico do que com o meio acadêmico", finaliza.

Confira os cinco áudios mais compartilhados com fake news (ouça todos ao final)



#2: Por que moradores de rua, que não têm práticas de higiene, não estão sendo contaminados pelo coronavírus?



O áudio número dois do ranking foi compartilhado 240 vezes, em 204 grupos por 94 usuários diferentes. Nele, um homem com sotaque carioca afirma que nenhuma pessoa em situação de rua foi internada em hospitais do Rio de Janeiro por causa do Coronavírus. Ele afirma ter questionado isso em um “site do governo do Rio”. Diz que dependentes químicos não são afetados pela doença e questiona porque “não tem um ‘cracudo’ ali da Avenida Brasil internado? (...) Alguém pode me responder porque nenhum bandido pega essa doença?”.



#3: Suposto médico do hospital de Presidente Prudente (SP) diz que leitos estão vazios



O terceiro áudio mais compartilhado do período, foi publicado 206 vezes em 147 grupos por 82 usuários diferentes. Nele, uma pessoa que se identifica como um médico de Presidente Prudente (SP) afirma que não havia nenhum caso de pessoas internadas em estado grave (“entubados”) por causa do coronavírus na cidade. O narrador diz que “se a doença tivesse começado na classe baixa, a TV não teria dado a mínima, qual foi (sic) no caso da H1N1 na época do Lula que morreu muita gente”. No fim do áudio, o suposto médico argumenta que “agora o funcionário dá um espirro e quer atestado que está com coronavírus. (...) Virou um absurdo isso”. Conclui dizendo que é uma “epidemia psíquica”.



#4: Funerária em Lindoeste (PR) está com caixões sobrando



O quarto áudio mais compartilhado da semana, com 132 publicações em 105 grupos por 82 usuários diferentes, afirma que um dono de casa funerária em Lindoeste (PR) está falido porque teria comprado caixões em excesso prevendo demanda por causa do coronavírus, mas está “desesperado porque não está morrendo gente” e ele agora não teria como pagar as contas. O narrador se diz amigo do dono da funerária e relata o seu drama: “Esse meu amigo comprou até fiado. Meteu os boletão (sic) pra frente porque vai ser um sucesso só, né?”. “Tá morrendo menos gente do que antes. Antes, o cara ia no bar e tomava uma facada, um tiro. Os bandidos iam pra rua fazer confusão. Mas agora tá uma paradeira”.







#6: Borracheiro que se acidentou e foi levado ao hospital Maria Lucinda (PE) foi falsamente contabilizado como vítima do coronavírus



O sexto áudio mais compartilhado, com 118 publicações em 107 grupos por 37 pessoas diferentes, afirma que um motorista de caminhão morreu em um acidente e que seu atestado de óbito veio como causa mortis Covid-19. No áudio, a pessoa se dirige a um interlocutor chamado Elias para quem teria sido enviado um arquivo com o atestado de óbito. O narrador diz que “esse amigo meu” teria morrido por que o “pneu do caminhão estourou quando ele fazia o serviço dele”. A vítima teria sido levada ao Hospital Maria Lucinda, em Recife (PE) que teria emitido um atestado de óbito como sendo por coronavírus. “A conspiração triste pra derrubar o Governo Bolsonaro, ou seja (sic), a maioria das pessoas que estão morrendo no Estado, eles tão colocando que é coronavírus”. “(...) eu passei lá e vi, foi um acidente que matou ele”, conclui.



#18: Suposto chefe do hospital Ronaldo Gazolla de Acari (RJ) diz que sobram leitos e que cidadãos deveriam voltar ao trabalho



O 18º áudio com maior circulação teve 53 compartilhamentos em 46 grupos por 34 usuários diferentes. O narrador se apresenta como “chefe da rotina do (Hospital) Ronaldo Gazolla” que, segundo ele, “é referência no Estado do Rio de Janeiro para tratamento de Coronavírus”. “Estou dando notícias baseado na minha experiência, não é no que eu li ou vi no Facebook”. O narrador afirma que existem apenas 8 pacientes internados com o diagnóstico de coronavírus e todos estão estáveis. “E só quatro pacientes na CTI". “No quinto andar, onde temos 160 leitos (...) só temos 08 pacientes internados estáveis, e todos com comorbidades”. Em seguida, o narrador passa a defender que todos devem voltar a trabalhar, e diz que “Bolsonaro está coberto de razão (quando pede isso)”. “O povo tá começando a entrar em desespero”. Argumenta que para “evitar o colapso econômico” é preciso retornar ao trabalho. O narrador afirma no final que “quem falou em gripezinha não foi o presidente Bolsonaro, foi esse maluco médico da Rede Globo Drauzio Varella”.

















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