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Paulo Guedes, o posto Ipiranga do governo Bolsonaro, pode estar prestes a pular fora do Titanic. "A equipe de Paulo Guedes (Economia) acompanhou com angústia a audiência dele na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado nesta quarta (27). Ali, o ministro enviou recados que, nos últimos dois dias, já havia externado nos corredores de sua pasta. A tradução feita pelos auxiliares é a seguinte: um dos pilares de sustentação do governo Jair Bolsonaro decidiu avisar publicamente que, sem retaguarda, não permanecerá no posto. O destinatário da mensagem é o próprio presidente", informa a jornalista Daniela Lima, editora da coluna Painel.
Leia, abaixo, reportagem da Reuters sobre a crise política:
BRASÍLIA (Reuters) - Ainda tenso, o ambiente político precisará de tempo para se acalmar, desde que não haja mais nenhum sobressalto na relação entre o Executivo e o Legislativo e que o governo se empenhe para melhorar a articulação, avaliam parlamentares.
Personificada nos presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que vêm trocando farpas publicamente nos últimos dias, a crise política teve novos capítulos nesta quarta-feira, respinga no Senado e pode comprometer o andamento da reforma da Previdência, além de dar margem para a aprovação de matérias desfavoráveis ao governo.
Na avaliação de uma importante liderança no Congresso, a poeira ainda deve levar dez dias, ou duas semanas, para baixar de verdade, desde que o governo ocupe o vácuo deixado na articulação. Essa seria, inclusive, a percepção da Casa Civil. Para essa fonte, e também segundo outro parlamentar ouvido, não estão descartadas uma ou outra retaliação, até que o clima se acalme.
Um deles cita como possibilidade a votação de matéria relacionada à Lei Kandir. Para esse parlamentar, aliás, a aprovação de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na véspera tornando obrigatória a execução de emendas coletivas no Orçamento da União, tratou-se de um recado e não exatamente de uma retaliação.
Outra fonte relata que aproveitou-se a oportunidade para se passar o recado que há muito incomodava os parlamentares: uma vez impositivas, as emendas deixam de alimentar o discurso de que fariam parte de um esquema de “toma lá, dá cá”.
Essa liderança relata ainda que o desejo dos deputados era o de cancelar o decreto presidencial que dispensa a necessidade de visto para turistas dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. O presidente da Câmara, no entanto, teria barrado a ideia.
Ainda de acordo com esse parlamentar, o clima no Senado não é muito diferente —a Casa deve votar a PEC sobre as emendas impositivas na próxima semana.
Para ele, o ambiente melhora, se o governo ajudar e parar de “empurrar” toda a responsabilidade —e o ônus— da reforma da Previdência para o Congresso. Segundo ele, Maia, até então o principal articulador da reforma, vai atuar no limite de suas atribuições: indicando um relator que o governo designar e comprometendo-se a pautar a matéria apenas quando ela contar com votos suficientes para ser aprovada. Nada além disso.
Outra liderança sinaliza que podem ser adotadas, ainda como demonstração da insatisfação do Congresso, instrumentos que limitariam a edição de medidas provisórias pelo Poder Executivo.
Outro parlamentar que conhece o funcionamento da Casa é mais otimista, considera que não haverá a chamada “pauta-bomba” e que a situação irá voltar à normalidade, desde que o governo não crie uma nova polêmica.
A solução, avalia uma das fontes, para o governo, será intensificar suas conversas, deixar de lado o discurso eleitoral sobre a “velha política”, dar prestígio aos deputados, e sim, em alguns casos, verificar qual a demanda dos parlamentares relacionadas a cargos e emendas. Caberá ao governo calcular o custo-benefício disso.
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