Moraes Moreira morre e deixa poema sobre coronavirus

Portal Plantão Brasil
13/4/2020 12:29

Moraes Moreira morre e deixa poema sobre coronavirus

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3983 visitas - Fonte: Bahia Notícias

Terça, 17 de Março de 2020 - 16:50



Em quarentena no RJ, Moraes Moreira tem surto criativo e cria cordel sobre coronavírus

Zelando pela sua própria saúde e em quarentena para prevenir contaminação por coronavírus, o cantor baiano Moraes Moreira teve um surto criativo, na madrugada desta terça-feira (17), em sua casa na Gávea, no Rio de Janeiro.



De acordo com o portal O Globo, reconhecendo a caneta como sua arma, o artista de 72 anos criou um cordel, inspirado na nova doença que, no Brasil, já contaminou mais de 200 pessoas e, até então, causou uma morte (veja aqui).



Nos versos, intitulado “Coronavírus”, Moreira deixa claro sua tensão e medo pela pandemia, mas ao mesmo tempo não esquece das balas perdidas que constantemente causam vítimas no Brasil.



No decorrer do cordel, ele também faz críticas aos excessos e retrocessos. Moraes também repudia em sua letra o machismo, a misoginia, o preconceito e a hipocrisia.



Nas duas últimas estrofes, ele tenta buscar respostas sobre o feminicídio, simbolizado pelo nome de Marielle Franco e reflete, finalizando, que não há tempo e nem idade para conquistar a liberdade em um mundo cheio de problemas.





Confira o cordel “Coronavírus” na íntegra:



Eu temo o coronavírus

E zelo por minha vida

Mas tenho medo de tiros

Também de bala perdida,

A nossa fé é a vacina

O professor que me ensina

É a minha própria lida



Assombra-me a pandemia

Que agora domina o mundo

Mas tenho uma garantia

Não sou nenhum vagabundo,

Porque todo cidadão

Merece mais atenção

O sentimento é profundo



Eu não queria essa praga

Que não é mais do Egito

Não quero que ela traga

O mal que sempre eu evito,

Os males não são eternos

Pois os recursos modernos

Estão aí, acredito



De quem será esse lucro

Ou mesmo essa teoria?

Detesto falar de estupro

Eu gosto é de poesia,

Mas creio na consciência

E digo não à violência

Toda noite e todo dia



Eu tenho medo do excesso

Que seja em qualquer sentido

Mas também do retrocesso

Que por aí escondido,

Às vezes é que notamos

Passar o que já passamos

Jamais será esquecido



Até aceito a Polícia

Mas quando muda de letra

E se transforma em milícia

Odeio essa mutreta,

Pra combater o que alarma

Só tenho mesmo uma arma

Que é a minha caneta



Com tanta coisa inda cismo...

Estão na ordem do dia

Eu digo não ao machismo

Também à misoginia,

Tem outros que eu não aceito

É o tal do preconceito

E as sombras da hipocrisia



As coisas já foram postas

Mas prevalecem os reles

Queremos sim ter respostas

Sobre as nossas Marielles,

Em meio a um mundo efêmero

Não é só questão de gênero

Nem de homens ou mulheres



O que vale é o ser humano

E sua dignidade

Vivemos num mundo insano

Queremos mais liberdade,

Pra que tudo isso mude

Certeza, ninguém se ilude

Não tem tempo, nem idade



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