2299 visitas - Fonte: Folha
Com a aprovação do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados, na noite deste domingo (17), economistas começam agora a calcular quanto tempo teria o vice, Michel Temer -caso de fato assuma a Presidência- para começar a entregar reformas que recuperem as contas públicas.
Para o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, um eventual governo Temer terá entre quatro e cinco meses para demonstrar que consegue obter consenso político em torno de uma "agenda mínima" de reformas.
"Os mercados darão o benefício da dúvida [a Temer], será uma lua de mel de quatro, cinco meses. Ele terá esse período para organizar uma base [política] que dê sustentação a uma agenda mínima de reformas estruturais, porque é isso o que a presidente Dilma Rousseff não vinha conseguindo fazer".
Entre as medidas elencadas pelos economistas como necessárias para dar conta do desajuste das contas do governo -que neste ano fechará com um deficit estimado em cerca de 2% do PIB-, está a fixação de um teto para os gastos públicos, uma reforma da previdência e o aumento de impostos.
A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, afirma que se Temer chegar à Presidência deve enviar rapidamente ao Congresso ações para enfrentar o rombo nas contas públicas, ainda que simbólicas.
"O mercado vai precisar rapidamente desse sinal", afirma.
Ela cita como exemplos a redução do "spread" bancário e o aprimoramento da governança em empresas estatais. "São sinais positivos para o mercado que não implicam em ônus para a sociedade."
A expectativa é que o mercado financeiro responda positivamente nesta segunda (18) à derrota de Dilma e seu provável impeachment, valorizando ações e a moeda brasileiras.
"Com Temer, o ambiente deve melhorar porque o risco de um governo sem comando desaparece. Mas estamos longe de resolver os problemas econômicos", afirma o economista Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria e ex-ministro da Fazenda.
Mas, para ele, se Temer chegar à Presidência, ele dificilmente terá condições de fazer as reformas que todos esperam.
"Fazer reformas estruturais no país é enfrentar poderosos grupos de diferentes interesses."
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