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Por Dayane Santos
Carlos Fernando Lima, promotor da Lava Jato, disse que valor das palestras de Lula superior aos cobrados por FHC são suspeitas Carlos Fernando Lima, promotor da Lava Jato, disse que valor das palestras de Lula superior aos cobrados por FHC são suspeitas
A principal argumentação da investigação se baseia no fato de que os ex-presidente Lula recebeu pagamentos por palestras por parte de empreiteiras via Instituto Lula. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima fez questão de dizer durante entrevista, mesmo não sendo questionado, que “o valor das palestras era superior ao cobrado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.
O comentário do procurador evidencia o pensamento elitista. Como um nordestino, metalúrgico, sindicalista e ex-presidente da República pode ganhar mais em palestras do que o ex-presidente FHC, sociólogo da Sorbonne? Mas elitismo à parte, é notória que FHC, desde que deixou o Palácio do Planalto, fatura com palestras. Somente no primeiro ano após deixar o governo, o tucano faturou cerca de R$ 3 milhões dando palestras para empresas no Brasil e no exterior, inclusive de empreiteiras investigadas.
No ano passado, o próprio FHC afirmou que seu instituto, o iFHC, também recebeu recursos de empreiteiras investigadas pela Operação Lava a Jato, como a Odebrecht e a Andrade Gutierrez. Em apenas um ano, a Odebrecht, por exemplo, pagou quase R$ 1 milhão aos instituto do tucano, com doações mensais. Mas isso não levantou suspeitas por parte dos investigadores.
Ainda de acordo com os procuradores, o 60% dos pagamentos por palestras, entre 2011 e 2014, foram provenientes de empreiteiras. Apesar de dizer que há “provas irredutíveis”, os investigadores dizer que querem saber se os recursos vieram de desvios da Petrobras. "Os favores são muitos e são difíceis de quantificar", disse o procurador.
Politizando o discurso, o procurador afirmou: “O governo dele foi um dos beneficiados pela compra do apoio político e partidário. Estamos investigando o papel dele”. Mas de acordo com ele, a operação não tem "nenhuma motivação política". "Somos republicanos”, completou.
Outro ponto destacado como suspeito pela Lava Jato foram os pedalinhos do sítio. O procurador admitiu que a investigação dos da suposta compra de pedalinhos para o sítio Atibaia (SP) e das ditas obras que teriam sido feitas pela Odebrecht começaram a ser feita a partir da divulgação da imprensa.
Segundo eles, apesar da vasta apresentação de documentos feitas por Lula demonstrando que o apartamento no Guarujá não é dele, “várias provas dizem o contrário”. As provas, segundo o MPF de Curitiba, são depoimentos colhidos pelos investigadores, ou seja, não há sequer um documento que consiga contestar as provas apresentadas por Lula
O comando da Lava Jato também revelou na coletiva que sabe que tal violência cometida contra o presidente mais bem avaliado da história do país provocaria uma reação popular. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que não quis marcar um depoimento com antecedência para evitar manifestações.
"Não havia como não fazer a oitiva. Se tivéssemos marcado com antecedência, teríamos um risco maior de segurança", disse Santos Lima.
Em nota, o Instituto Lula classificou como "arbitrária, ilegal e injustificável" a ação da PF. “A violência praticada hoje contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma agressão ao estado de direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal", diz o texto divulgado pelo instituto que representa o ex-presidente.
Em outro trecho da nota, o Instituto Lula diz que o resultado da "violência" desencadeada nesta sexta pela Operação Lava Jato é "submeter o ex-presidente a um constrangimento público".
"Não é a credibilidade de Lula, mas da Operação Lava Jato que fica comprometida, quando seus dirigentes voltam-se para um alvo político sob os mais frágeis pretextos", diz a nota.
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