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Palocci está preso no mesmo prédio que Lula, a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, há um ano e sete meses (desde setembro de 2016). O caminho para fora da cadeia, porém, é mais complicado do que parece.
Procuradores que participaram das negociações anteriores no Paraná e em Brasília estão resistentes ao acordo.
Integrantes do MPF ouvidos pela BBC Brasil disseram, também sob condição de anonimato, que é "estranho" o fato de Palocci não ter mencionado nenhum político com foro privilegiado em seu acordo de delação (se o tivesse feito, o acordo teria de ser homologado pelo relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin).
Até setembro passado, a defesa de Palocci negociou o possível acordo também com integrantes do grupo que cuidava da Lava Jato em Brasília, na Procuradoria-Geral da República (PGR). Isto pressupõe que houvesse políticos com foro no "cardápio" da delação. Se é assim, por que o ex-ministro teria deixado de mencionar estes nomes? Delatores não podem omitir fatos, sob o risco de perder seus acordos, argumentam integrantes do MP.
Além disso, os procuradores argumentam que a Polícia Federal não pode criar obrigações para o MPF ao aceitar um acordo com um delator: Palocci poderia, mesmo depois de fechar o acordo, ser alvo de novas denúncias, por exemplo.
Numa entrevista em no último mês de agosto, o procurador da Lava Jato em Curitiba Carlos Fernando de Souza Lima chegou a dizer que a proposta de Palocci estava recheada de "fofocas de Brasília". "Ouvir dizer não adianta", afirmou.
Como o acordo ainda não foi homologado por Moro, continua sob sigilo. É impossível saber exatamente quais foram os benefícios acertados pela defesa do ex-ministro com a Polícia Federal no Paraná: pode ser que Palocci tenha que cumprir mais algum tempo na cadeia antes de obter a chamada progressão de regime e mudar para o regime semi-aberto ou para a prisão domiciliar.
Outro aspecto importante da negociação de Palocci com a Polícia Federal é a redução das multas que o ex-ministro poderá ter de pagar. Em sua primeira condenação na Lava Jato, Moro determinou o pagamento de R$ 1,02 milhão, e Palocci ainda é alvo de outros dois processos em Curitiba, nos quais ainda não há sentença. Segundo pessoas próximas ao ex-ministro, uma das prioridades de sua defesa é tentar salvar ao menos parte do patrimônio que ele amealhou enquanto trabalhou como consultor, depois de deixar o governo Lula. Entre 2007 e 2015, Palocci recebeu cerca de R$ 80 milhões por meio da sua empresa, a Projeto Consultoria Empresarial.
O ex-ministro está em prisão preventiva, isto é, que não decorre de condenação - e também não tem prazo para acabar.
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